A Bialetti, marca que inventou a cafeteira moka venerada como ícone do design industrial italiano, será vendida a investidores chineses e deixará de ser uma empresa de capital aberto listada na bolsa. Carro-chefe da Bialetti, a cafeteira moka foi lançada em 1933 pelo fundador da empresa, Alfonso Bialetti (1888-1970). Após a Segunda Guerra Mundial, o utensílio passou a ser fabricado em alumínio e, posteriormente, aço, e está presente em lares de todo o mundo. Uma peça original de 1933 está em exibição no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York.

O anúncio da compra foi feito nesta quarta-feira (16/04) pela Bialetti e a NUO Capital, uma investidora registrada em Luxemburgo e controlada pela família Pao Cheng, uma das mais ricas de Hong Kong.

O negócio, que ainda precisa ser aprovado pelo governo italiano e órgãos reguladores, prevê a compra pela NUO Capital de 78,6% das ações da Bialetti, ao preço de 53 milhões de euros (R$ 351,3 milhões). Uma oferta pelas ações restantes será então lançada a um preço mínimo de 46,7 centavos de euros cada.

Empresa tem 81,9 milhões de euros em dívidas

A Bialetti tem enfrentado dificuldades financeiras nos últimos anos por causa de maus investimentos e da competição com fabricantes de máquinas de café em cápsula.

A estratégia de expansão da empresa baseada na abertura de lojas em shoppings e nos centros das cidades acabou sendo sabotada pela pandemia de covid-19, e a tentativa de diversificar seu rol de produtos também não deu certo.

A empresa também vende cafeteiras elétricas, xícaras e café, bem como outros apetrechos, e tem lojas em diversas cidades italianas.

Em 2024, a Bialetti registrou perda de 1,1 milhão de euros (R$ 7,3 milhões) e fechou o ano com uma dívida de 81,9 milhões de euros (R$ 542,8 milhões). Relatos na imprensa sugerem que esse passivo pode ser maior, superando os 100 milhões de euros (R$ 662,8 milhões).

O anúncio da compra valorizou as ações da empresa, que no dia anterior haviam fechado na Bolsa de Milão ao valor de 27,9 centavos de euros. Nesta quarta, as ações não chegaram a ser negociadas, mas indicavam alta de 50%.

O acordo para a compra prevê ainda o refinanciamento de dívidas da Bialetti por meio de empréstimos que totalizam até 75 milhões de euros (R$ 497,1 milhões). A NUO Capital também diz querer aportar ao menos 49,5 milhões de euros (R$ 328 milhões) na empresa.

Segundo o comunicado conjunto, o CEO da Bialetti, Egidio Cozzi, continuará no comando da empresa.

ra/bl (Reuters, dpa, ots)