Grupo de jovens insultou e agrediu fisicamente duas meninas de oito e dez anos. Uma delas sofreu pontapés no rosto. Crime ocorrer no norte do país.A onda de racismoe xenofobia que vive a Alemanha teve mais um capítulo nesta sexta-feira (14/06). No norte do país, duas meninas ganesas, de oito e dez anos, foram insultadas e agredidas por um grupo de jovens. Segundo a polícia, um dos autores do crime deu um chute no rosto de uma das meninas.

O crime ocorreu em Grevesmühlen, no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental. Os agressores eram até oito pessoas de um grupo de 20 jovens. Eles teriam atacado as crianças em Ploggenseering, por volta das 19h30. Quando os pais das meninas chegaram, também foram atacados.

O pai e a filha mais nova foram levados a um hospital com ferimentos leves. A polícia investiga suspeitas de violação da paz, lesões corporais perigosas, incitação ao ódio e injúria e procura por testemunhas.

O prefeito de Grevesmühlen, Lars Prahler, condenou o ataque. “Este ato de motivação racial simplesmente me deixa atordoado. Mostra um ódio sem fundamento e uma desumanidade desinibida e não pode ser desculpado. Nem mesmo porque [os perpetradores] são jovens”, disse em entrevista à Rádio NDR 1 MV.

Segundo ele, o festival da cidade programado para este sábado não será cancelado apesar do incidente. “Não queremos permitir que tais ações de grupos marginais ditem como queremos viver juntos como uma sociedade”, explicou.

O secretário do Inteiror de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Christian Pegel (SPD), também condenou veementemente o ataque. “Você não ataca pessoas, especialmente crianças, e certamente não por motivos racistas”, disse, destacando que não há lugar para o racismo na sociedade.

Crescimento da AfD

O ataque às meninas ganesas ocorre pouco menos de uma semana depois de o partido Alternativa para Alemanha (AfD) se sagrar o segundo grande vencedor das eleições europeias, conquistando 15 assentos – um crescimento de quase 50% em relação a 2019, quando a sigla havia elegido 11 eurodeputados. Originalmente, a legenda havia eleito 16 parlamentares, mas acabou posteriormente expulsando o eurodeputado Maximilian Krah, que semanas antes fizera uma declaração relativizando o histórico da SS, uma organização paramilitar da era nazista.

Em janeiro, políticos da AfD participaram de uma reunião com um líder extremista austríaco em que se falou em deportações em massa de imigrantes. A sigla, entretanto, nega quaisquer planos de adotar tal proposta e afirma que não se tratava de um evento partidário.

Onda de ataques

Há três semanas, um vídeo viralcom um cântico racista e xenófobo entoado por jovens na ilha de Sylt, um reduto de férias da elite alemã no estado de Schleswig-Holstein, também no norte, causou indignação em todo país.

O grupo fazia uma paródia de uma popular música, entoando: “Alemanha para os alemães. Estrangeiros, fora”. Um dos jovens levantava o braço direito, no que aparentava ser uma saudação nazista, proibida na Alemanha, e, com dois dedos sobre a boca, imitava o bigode de Adolf Hitler.

Também recentemente, em um jogo de futebol no estado de Hesse, no oeste, um torcedor fez a saudação nazista após o fim da partida de um campeonato local. Na Renânia Palatinado, também no oeste alemão, a polícia encerrou uma festa privada devido a cânticos inconstitucionais. Também houve registros de cânticos racistas em festas populares, públicas, nos estados de Bayern, no sul, e da Baixa Saxônia, no norte.

le (ots)