01/06/2017 - 12:18
O economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, avalia que os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre divulgados nesta quinta-feira, 1º de junho, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vieram, no geral, bons, mas a crise política pode atrapalhar o cenário de recuperação da economia. Segundo ele, se o imbróglio em Brasília se prolongar, a expansão do PIB pode ficar perto de zero em 2017.
“Estávamos nos encaminhando para o crescimento positivo. Este cenário está ameaçado pelo tipo de solução que vai se dar para a crise política”, disse o ex-diretor do BC.
Para ele, enquanto não se souber se o presidente Michel Temer fica ou não no Planalto, o ambiente de incerteza vai afetar os negócios. Schwartsman acredita que dificilmente o peemedebista vai se manter no cargo.
No caso de Temer prosseguir com o mandato, o economista avalia que o presidente vai usar todo seu capital político justamente para continuar no Planalto. Assim, a agenda de reformas ficaria em segundo plano. “As reformas ficam ameaçadas e com elas as perspectivas de recuperação.” Por isso, para a atividade econômica, a troca de presidentes seria positiva.
Sobre os dados do PIB do primeiro trimestre, Schwartsman ressalta que sem a enorme contribuição do agronegócio, o crescimento não teria sido o divulgado, de 1% na comparação com o quarto trimestre de 2016. “No geral, o PIB veio bom”, disse a jornalistas, destacando que ainda faltam sinais de recuperação na demanda doméstica. Uma recuperação mais persistente vai depender da capacidade de reação desta demanda, ressaltou ele.
Sem a crise política, observou Schwartsman, havia chances até de elevar a projeção de PIB para 2017. Mas, com a turbulência, a possibilidade agora passou a ser de piora dos números. Dependendo do tempo de duração da crise e de como ela se resolve, o PIB pode crescer perto de zero este ano. “Se a crise se resolver rápido, é um outro cenário.”
Um dos efeitos imediatos da turbulência política, na visão de Schwartsman, é que a probabilidade de aprovação das reformas se reduziu. A trabalhista ele acredita que passa no Senado, mas a da Previdência será mais difícil e há risco de mais esvaziamento das propostas. “Há duas semanas eu estava com muito mais fé na aprovação das reformas.”
Schwartsman participou nesta quinta-feira do seminário “Perspectiva para o agribusiness em 2017 e 2018”, organizado pela B3.