Por Nicolás Misculin

BUENOS AIRES (Reuters) – A vice-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, escapou ilesa na quinta-feira depois que um homem apontou contra ela uma arma carregada que não disparou a centímetros de sua cabeça.

O ataque, que o ministro da Economia chamou de tentativa de assassinato, ocorre em um momento de agudos atritos políticos e sociais na Argentina.

O caso aconteceu quando Cristina Kirchner saiu de um carro do lado de fora de sua casa em Buenos Aires, onde centenas de apoiadores se reuniam. Imagens de vídeo mostraram um homem segurando uma pistola próxima à cabeça dela.

O presidente Alberto Fernández disse que a arma estava carregada com cinco balas.

“Este é o evento mais sério pelo qual passamos desde que a Argentina voltou à democracia”, disse ele em um discurso televisionado, referindo-se ao fim do regime militar em 1983.

“Um homem apontou uma arma de fogo para a cabeça dela e puxou o gatilho. Cristina ainda está viva porque, por algum motivo ainda a ser confirmado, a arma… não disparou.”

Seu suposto agressor, identificado pelas autoridades como um homem de 35 anos de origem brasileira, foi rapidamente preso pela polícia e a arma apreendida.

Figura divisiva dentro da Argentina, da qual foi presidente entre 2007 e 2015, Cristina Kirchner está sendo julgada por corrupção ligada a contratos públicos concedidos no início dos anos 2000.

Ela pode enfrentar uma sentença de 12 anos de prisão e possível desqualificação para cargos públicos se for condenada pelas acusações, que ela nega. Cristina tem sido amplamente apontada como candidata ao Senado e possivelmente à Presidência novamente no próximo ano.

A Argentina também está atolada em uma profunda crise econômica impulsionada por níveis crescentes de dívida e inflação que desencadearam protestos de rua.

“Quando o ódio e a violência prevalecem sobre o debate, as sociedades são destruídas e situações como estas surgem”, tuitou o ministro da Economia, Sergio Massa, que foi recentemente nomeado para enfrentar a crise.

Chefes de Estado e aliados políticos na região, incluindo o presidente chileno Gabriel Boric, o venezuelano Nicolás Maduro, o peruano Pedro Castillo e o ex-presidente e candidato às eleições de outubro no Brasil Luiz Inácio Lula da Silva também criticaram o ataque.

Eles expressaram solidariedade com Cristina Kirchner e alívio por ela não ter se machucado.

(Reportagem de Nicolás Misculin e Kylie Madry; reportagem adicional de Adam Jourdan, Aida Pelaez-Fernandez e Carolina Pulice)

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