26/09/2025 - 6:31
James Comey foi acusado de prestar declarações falsas e obstruir a Justiça. Ele foi demitido por Trump em 2017, enquanto investigava suspeitas de interferência da Rússia na eleição americana de 2016.O ex-diretor do FBI, James Comey, foi formalmente indiciado nesta quinta-feira (25/09) por ter, supostamente, prestado declarações falsas e obstruir a Justiça dos EUA, mais especificamente no âmbito de uma investigação do Congresso sobre a divulgação de informações confidenciais.
A informação foi anunciada pela procuradora federal do Distrito Leste do Estado da Virgínia, Lindsey Halligan, que disse que Comey pode pegar até cinco anos de prisão se for condenado.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, celebrou a acusação em sua plataforma Truth Social, afirmando que Comey “está agora no início de ser responsabilizado por seus crimes contra nossa nação”.
A procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi, uma aliada de Trump, afirmou que a acusação “reflete o compromisso do Departamento de Justiça em responsabilizar aqueles que abusam de suas posições de poder por enganar o povo americano”. O diretor do FBI, Kash Patel, outro aliado do presidente, também afirmou que “ninguém está acima da lei”.
Comey alega inocência
Em um vídeo publicado no Instagram, James Comey disse que é inocente: “Não tenho medo. Meu coração está partido devido ao Departamento de Justiça, mas tenho grande confiança no sistema judicial federal e sou inocente, então vamos manter a fé e ir a julgamento”.
Ele também afirmou que ele e sua família sabem “há anos que há um custo enfrentar Donald Trump, mas não conseguiria me imaginar vivendo de outra forma”.
Nos últimos anos, outros membros da família de Comey foram alvo do Departamento de Justiça, que, em julho, demitiu a filha dele, a promotora federal Maurene Comey, sem justa causa.
O genro de Comey, Troy Edwards, renunciou ao cargo no mesmo departamento após a confirmação da acusação.
Por que Comey é alvo do governo Trump?
Comey assumiu o cargo de diretor do FBI em 2013, durante o governo do ex-presidente Barack Obama. Três anos mais tarde, o então candidato republicano Donald Trump derrotou a democrata Hillary Clinton nas eleições presidenciais.
Durante o primeiro mandato de Trump, o FBI, sob o comando de Comey, passou a investigar a interferência da Rússia nas eleições de 2016 e a suspeita de conluio da campanha de Trump com os russos para vencer o pleito.
A investigação provocou a ira de Trump nos primeiros meses de seu primeiro mandato, levando-o a demitir Comey em maio de 2017. Frequentemente, o presidente americano critica a investigação sobre a hipotética interferência da Rússia, chamando-a de “farsa russa”.
Caça a outros oponentes
As acusações contra Comey provêm de um depoimento prestado por ele ao Senado em 2020, que, segundo os promotores, continha uma declaração falsa.
O processo surge dias depois de Trump ter apagado uma mensagem na plataforma Truth Social aparentemente dirigida à procuradora Pam Bondi, pedindo para ela “correr atrás” não só de Comey, mas também de outros inimigos políticos, como a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, e do senador pela Califórnia, Adam Schiff.
Recentemente, o procurador federal do Distrito Leste da Virgínia, Erik Seibert, renunciou em meio à pressão do governo Trump para indiciar Letitia James. Trump então substituiu Seibert por Lindsey Halligan, que tem pouca experiência como promotora.
gb (DW, AFP, dpa)