12/11/2021 - 12:19
Milhares de migrantes estão barrados há vários dias na fronteira entre Belarus e a Polônia, expostos às intempéries e em condições humanitárias deploráveis, enquanto as temperaturas nesta parte da Europa caem a zero grau.
Estes são os principais momentos da crise migratória que há meses contamina as relações entre Belarus e a União Europeia.
– Retaliação contra sanções –
No final de junho de 2021, Belarus suspendeu sua participação na Parceria Oriental, estabelecida entre a União Europeia e seis ex-repúblicas soviéticas, em retaliação às sanções impostas ao presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, e membros de seu governo implicados na brutal repressão aos protestos pelos resultados das eleições presidenciais de 9 de agosto de 2020.
Localizada às portas da UE e compartilhando fronteiras com a Polônia, Letônia e Lituânia, Belarus também ameaçou implicitamente parar de cooperar na luta contra a migração ilegal e o crime organizado.
– Lituânia anuncia a construção de um muro –
Em 9 de julho, a Lituânia anunciou a construção de um muro em sua fronteira com Belarus após um aumento “assustador” no número de migrantes que atravessavam de lá, a maioria vindos do Oriente Médio e da África.
As tensões entre os dois países aumentaram depois que a Lituânia se tornou em 2020 o refúgio da oposição bielorrussa.
Em 10 de agosto, a Letônia declarou estado de emergência na fronteira com Belarus.
– Polônia decreta estado de emergência –
Em 2 de setembro, a Polônia, após iniciar a construção de uma cerca de arame farpado e enviar 2.000 soldados, impôs estado de emergência em sua fronteira com Belarus e proibiu o acesso à área a não residentes, incluindo a imprensa
Várias ONGs acusam a Polônia de deportar ilegalmente os migrantes, impedindo-os de solicitar asilo e forçando-os a voltar a Belarus. A Polônia legalizou essa controversa prática em meados de outubro.
– Primeiros migrantes mortos –
Em 20 de setembro, a Polônia culpou Belarus e a Rússia pela onda de migração ilegal em sua fronteira. No dia anterior, foram encontrados quatro migrantes mortos na área.
Segundo o jornal polonês Gazeta Wyborcza, pelo menos 10 migrantes haviam perdido a vida desde o início da crise.
– Muro anti-imigrante –
Em 8 de outubro, 12 países da UE, incluindo Áustria, Grécia, Polônia e Hungria, pediram a Bruxelas para financiar a construção de “barreiras” em suas fronteiras. A UE respondeu que não custeará arames farpados ou muros.
Em 25 de outubro, a Polônia anunciou o destacamento de 10.000 soldados para sua fronteira com Belarus. Pouco depois, o parlamento polonês validou a construção de um muro para evitar os migrantes.
– França denuncia “tráfico” humano –
No dia 27, a França acusou Lukashenko de estar por trás de um tráfico “inteligentemente organizado” de seres humanos com outros países, até a União Europeia, via Turquia e Dubai.
No início de novembro, a Polônia convocou o encarregado de negócios bielorrusso após uma incursão – chamada de “provocação” – de pessoas armadas e uniformizadas de Belarus em seu território.
– Medo de uma escalada –
Em 8 de novembro, as autoridades polonesas disseram temer uma escalada “de natureza armada” na fronteira com Belarus, onde estão concentrados entre 3.000 e 4.000 migrantes, segundo Varsóvia.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, exigiu novas sanções contra Minsk, enquanto os Estados Unidos condenaram veementemente a “exploração política e manipulação de pessoas vulneráveis” por Belarus.
Em 9 de novembro, a Polônia denunciou um “ataque híbrido” que ameaçava a UE e Lukashenko conversou com Putin por telefone.
– Putin pede diálogo –
Em 10 de novembro, a Polônia acusou Putin de orquestrar a crise migratória e Belarus de “terrorismo de Estado”.
No dia 11, Belarus ameaçou cortar o gás da Europa em caso de novas sanções e Putin fez um apelo por diálogo.
No dia 12, o Kremlin garantiu que suas entregas de gás continuariam.
A Turquia, por sua vez, proibiu cidadãos de três países do Oriente Médio de voar para Belarus a partir de seu território.
Os exércitos russo e bielorrusso anunciaram exercícios aéreos conjuntos perto da fronteira polonesa.