Neste exato momento, Ken Fischer, presidente da americana Fischer Investments, está em alto-mar. A bordo do luxuoso navio Crystal Harmony, que partiu de São Francisco no dia 16 rumo ao Alasca, Fischer trabalha e muito. Entre umas tacadas de golfe no final da tarde e um sofisticado jantar de gala, ele recebe investidores e faz análises financeiras. Também discute, durante longos seminários no salão de conferência do Harmony, as novas oportunidades de aplicações com colegas de renome, como Marilyn Cohen, diretora da administradora de recursos Envision Capital Management. Na platéia, há cerca de 500 pessoas que embarcaram, no auge das cobiçadas férias de verão dos EUA, exclusivamente para conhecer as propostas dos ?gurus? das finanças. ?Trata-se de uma oportunidade única?, diz o médico Ottis Ballenger, que está com a mulher e a filha no seu primeiro cruzeiro de investimentos. ?É muito mais fácil
aprender sobre ações num ambiente de diversão junto
com a família do que com um livro.? Afinal, assuntos com-
plexos como as oscilações dos índices derivativos, futu-
ros de dólar e euro são corriqueiros nos 12 dias de viagem.

O encontro de finanças em alto-mar é a mais nova moda nos Estados Unidos. Ainda este ano, quatro cruzeiros carregados de investidores irão partir rumo às ilhas caribenhas, Grécia e Itália. A primeira iniciativa de discutir formas de lucrar a bordo de navios de luxo partiu de Louis Rukeyser, conhecido comentárista de Wall Street, em 1998. Agora, Rukeyser inaugurou uma empresa para realizar essas viagens. E já tem concorrente. A Intershow, com sede na Flórida, também organiza encontros financeiros no meio do oceano. Os cruzeiros temáticos são abertos para estrangeiros. No Brasil, os pacotes podem ser adquiridos pela agência paulista Pier 1 Cruise Expert. Em outubro ocorrerá o próximo passeio. O navio Crystal Serenity irá percorrer Atenas e Veneza em 13 dias e terá a coordenação financeira da Hillsdale College. Nele, a mais sofisticada suíte custa US$ 27 mil. Acomodações mais simples saem em torno de US$ 5 mil. Acrescente mais US$ 1 mil para os seminários.

Paraíso fiscal. Os americanos, contudo, inventaram também outras versões para quem pretende aplicar e divertir ao mesmo tempo. A tendência se espalhou em todas as modalidades de investimento. Em terra ? ou melhor, em requintados resorts espalhados pelo mundo ?, a Tropical Pathways organiza excursões para quem pretende fazer negócios imobiliários. A próxima partida será para o Panamá em agosto. A programação de sete dias será divida entre visitas turísticas e seminários coordenados por consultores imobiliários. Para os iniciantes, é oferecido um curso rápido, dentro do hotel, sobre paraísos fiscais. No final, os participantes poderão assinar propostas para a compra, por exemplo, de uma ilha de US$ 1,7 milhão. ?Não vendemos nada?, diz Lyle Burke, da Tropical. ?Orientamos para que os clientes tomem a decisão certa.? Porém, Burker avisa: ?Se você não gosta de praia, não venha?. Os investidores têm tempo de sobra para curtir um banho de sol. Porém, não se assuste se encontrar alguns banhistas discutindo os índices de locação à beira-mar.