A CSN está vendo uma boa demanda por aço no Brasil no atual trimestre e vai procurar replicar a estratégia comercial adotada no início do ano, em que elevou os preços de planos em 3,2%, afirmou o diretor comercial da siderúrgica, Luis Fernando Martinez, nesta sexta-feira.

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“A demanda está boa, não é questão de preço que vai resolver (importação elevada)”, disse Martinez em conferência com analistas sobre os resultados da CSN publicados na noite da véspera.

“Vamos segurar o máximo os preços para não perder rentabilidade… Vamos ter preços relativamente estáveis, com viés para cima no segundo trimestre”, afirmou o executivo.

No primeiro trimestre, a CSN conseguiu elevar a margem Ebitda na operação de siderurgia de 4,3% um ano antes para 7,9%.

Em aços longos, disse Martinez, a Companhia Siderúrgica Nacional teve que reduzir seus preços em 5% no primeiro trimestre diante de “competição mais forte nesse segmento”.

As ações da CSN derretiam quase 11% perto do final do pregão nesta sexta-feira, cotadas a R$8,61, enquanto o Ibovespa subia 0,21%.

O executivo afirmou que “beira a irresponsabilidade” a falta de medidas de defesa comercial do Brasil em relação ao elevado nível de importações de material siderúrgico vindo principalmente da China.

Martinez defendeu a renovação do atual sistema de cota/tarifa, criado pelo governo federal ano passado, mas com aplicação de sobretaxa de 25% sobre todos os produtos siderúrgicos e não apenas sobre alguns, como forma também de coibir importações desviadas que se aproveitam de adição de boro na composição da liga para não se enquadrarem em produtos que taxados.

Sobre a parada do alto-forno 2 da usina da empresa em Volta Redonda (RJ) para manutenção em janeiro, Martinez afirmou que o equipamento precisará ser retomado com uma “condição de mercado muito melhor do que temos hoje”. O executivo citou que a parada é de pelo menos seis meses.

Alavancagem da CSN no radar

A companhia segue com meta de entregar alavancagem financeira abaixo de três vezes dívida líquida sobre Ebitda ajustado, mas esse múltiplo não inclui desembolsos com projeto de expansão da mineração do grupo em Congonhas (MG), disse o diretor de finanças do grupo, Antonio Marco Rabello.

A CSN pretende elevar sua produção de minério de ferro de alta qualidade em 15 milhões de toneladas por ano, chegando a 65 milhões de toneladas em 2028, um projeto que tem previsão de investimento de cerca de R$15 bilhões.

“É um projeto transformacional do ponto de vista de alavancagem da companhia… dá uma guinada importante”, disse Rabello.

“Para o guidance, essa transformação não está considerada nos números”, afirmou, citando que é difícil para a CSN precisar neste momento a alavancagem no final de 2026 e 2027 e que o chamado projeto “P15 vai trazer alguns bilhões adicionais de Ebitda para a companhia”.