A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) está em negociações adiantadas para a venda de sua unidade americana, localizada em Terre Haute, em Indiana, apurou o ‘Estado’. A empresa Steel Dynamics avançou e está em fase de auditoria, segundo fontes. O valor da transação gira em torno de US$ 250 milhões. Se concluído o negócio, a siderúrgica de Benjamin Steinbruch segue o mesmo caminho de outros grupos brasileiros que estão se desfazendo de ativos para reduzir dívidas, caso da gaúcha Gerdau, da família Johannpeter, e reorganizando o portfólio, como foi o caso da Votorantim, dos Ermírio de Moraes.

As conversas entre a CSN e Steel Dynamics avançaram nas últimas semanas, afirmaram pessoas familiarizadas com o assunto. Outras companhias, como a Nucor, Commercial Metals Company (CMC) e ArcelorMittal, também olharam a unidade de processamento de aço da siderúrgica dos Steinbruch, que tem capacidade para 350 mil toneladas por ano.

Com pesado endividamento, que somou no fim do ano passado R$ 26,2 bilhões, a CSN está em renegociação para alongar parte de seus débitos, sobretudo com bancos públicos, com vencimento no curto prazo. A companhia também tem de se desfazer de sua participação na Usiminas até 2019 por determinação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O grupo tem 14% do capital total da companhia mineira. Avaliada em R$ 13,8 bilhões ontem na Bolsa, a participação da CSN na Usiminas está calculada em quase R$ 2 bilhões.

Em março, Steinbruch afirmou em teleconferência a analistas que pretende levantar entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões com venda de ativos este ano. O mercado, contudo, é cético em relação à disposição do empresário em se desfazer dos seus negócios. O caso mais recente foi o da terminal de contêineres de Sepetiba (Tecon), que chegou a ser avaliado em R$ 1,5 bilhão em 2016, mas Steinbruch desistiu da venda na última hora.

O empresário também está envolvido em uma disputa societária com seus primos, que entraram na Justiça exigindo a venda dos negócios da família para dividir a herança.

Desinvestimentos

Em fevereiro deste ano, a gaúcha Gerdau, que tem dívidas de R$ 13,1 bilhões, vendeu um conjunto de usinas produtoras de aço e centros de distribuição nos EUA para a CMC, por R$ 600 milhões. Nos últimos quatro anos, a companhia dos Johannpeter está ajustando seus negócios e já levantou R$ 6, 3 bilhões em ativos não estratégicos para se concentrar em unidades mais produtivas no Brasil e nos Estados Unidos. Fontes a par do assunto afirmam que a companhia busca um comprador para sua unidade siderúrgica na Índia, considerada pouco rentável ao grupo.

Outro conglomerado que está revendo seu portfólio é a Votorantim. Neste ano, o Cade aprovou, com restrições, a compra das operações siderúrgicas do grupo no Brasil pela companhia ArcelorMittal. Com a aquisição, o grupo Votorantim vira acionista da companhia belgo-indiana, ficando com 15% da companhia. As unidades do conglomerado nacional na Argentina e Colômbia ficaram de fora desta operação.

Fontes de mercado afirmaram que o grupo deve vender os ativos siderúrgicos fora do País, porque já não são considerados mais estratégicos para o negócio da família. No entanto, em recente entrevista ao Estado, João Miranda, presidente do grupo, disse que não há pressão para a venda.

Procurados, CSN, Gerdau e Votorantim não comentam rumores de mercado. Já a Steel Dynamics, CMC, ArcelorMittal e Nucor não retornaram os pedidos de entrevista.