23/09/2025 - 17:39
São Paulo, 23 – O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) anunciou nesta terça-feira, em Piracicaba (SP), a descoberta do fungo causador da murcha da cana, doença que tem afetado a longevidade dos canaviais e elevado custos de produção. Trata-se do Colletotrichum spp.. A descoberta foi validada por análises genéticas e pelo Postulado de Koch. A confirmação abre caminho para o desenvolvimento de variedades resistentes e para estratégias de manejo mais assertivas.
“O mais importante é saber o que se está atacando. Agora, com a confirmação do agente causal, podemos direcionar pesquisas em diferentes frentes – desde fungicidas até soluções de manejo nutricional e irrigação -, além de abrir espaço para o desenvolvimento de variedades resistentes no futuro”, explicou, ao Broadcast Agro (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a diretora de P&D do CTC, Sabrina Chabregas.
O impacto da doença preocupa produtores em todo o País. Relatos apontam perdas de até 50% na produção de talhões afetados. Estima-se que a murcha atinja cerca de 30% dos canaviais brasileiros, principalmente em áreas mais suscetíveis ao estresse hídrico e ao ataque de pragas. “O controle da murcha é super relevante, é a principal doença do setor hoje”, completou Sabrina.
A descoberta foi apresentada durante o lançamento do movimento Esfera, plataforma de colaboração aberta entre produtores, pesquisadores e indústrias. Segundo o CTC, a Esfera nasce como um espaço de conexão permanente entre diferentes elos da cadeia, promovendo debates técnicos e estratégias para elevar a competitividade do setor. O ambiente já conta com quase 400 inscritos e funcionará em duas frentes: uma comunidade virtual aberta a qualquer interessado em cana-de-açúcar e encontros presenciais periódicos, previstos para ocorrer cerca de quatro vezes ao ano.
“O Brasil é referência na cultura da cana-de-açúcar e a Esfera chega para ser o palco de debate do setor nos temas técnicos mais relevantes que visam expandir o conhecimento e aplicabilidade de diferentes práticas de manejo que levarão ao aumento da produtividade”, afirmou o CEO do CTC, César Barros.
Para Barros, a Esfera simboliza a aceleração dessa resposta coletiva. “Muitas iniciativas de controle já vinham sendo testadas de forma isolada nas usinas. Agora, queremos que esse esforço seja conjunto, transparente e colaborativo, de modo a gerar soluções mais rápidas para os problemas críticos do setor.”