22/10/2013 - 9:53
HAVANA, 22 outubro 2013 (AFP) – O governo de Raúl Castro anunciou nesta terça-feira o início da unificação dos pesos cubano e conversível que circulam em Cuba há 19 anos, em um processo que exclui “terapias de choque”, segundo uma nota oficial que não revela mais detalhes.
“Foi acordado pelo Conselho de Ministros (Executivo) colocar em vigor o cronograma de execução das medidas que conduzirão à unificação monetária e cambial”, afirmou a nota publicada no jornal oficial Granma.
Havana destacou que, em “uma primeira etapa”, o processo de unificação monetária começará pelo setor empresarial com o objetivo de “propiciar as condições para o aumento da eficiência, a melhor medição dos fatos econômicos e o estímulo aos setores que produzem bens e serviços para a exportação e a substituição de importações”.
Em um segundo momento, também envolverá as “pessoas naturais”, completa o texto, sem explicar quando ou de que forma a medida será aplicada.
O peso conversível (CUC), em vigor desde dezembro de 1994 e equiparado ao dólar, equivale a 24 pesos cubanos, moeda com a qual os cubanos recebem salários insuficientes – 20 dólares por mês, na média – e pagam os principais serviços estatais.
No entanto, os cubanos são obrigados a completar a cesta básica e a comprar outros produtos de primeira necessidade em uma rede de lojas que operam com o CUC, a preços que não são acessíveis para sua renda.
Os cubanos que usam CUC são os que trabalham para o turismo ou empresas estrangeiras, assim como os que se beneficiam de remessas familiares enviadas do exterior.
A eliminação da dupla circulação monetária, que gera uma grande desigualdade social e cria uma perturbação na contabilidade nacional, foi um dos principais pedidos da população a Raúl Castro durante os debates prévios ao VI Congresso do Partido Comunista de abril de 2011.
O jornal Granma destacou que, assim como as demais reformas em curso para tornar eficiente o esgotado modelo econômico de linha soviética que a ilha seguiu durante meio século, o processo de unificação monetária excluirá “a utilização de terapias de choque” e não vai gerar impacto na população.