07/02/2024 - 8:30
O Cubo Itaú, hub de conexão para fomento de negócios, criado em 2015 pelo banco Itaú Unibanco em parceria com a Redpoint eventures, abriga atualmente 500 startups, com 27 mil colaboradores. Elas representam 42% de todo o investimento de venture capital do Brasil, relacionado ao primeiro semestre do ano passado. Mais de 70% são B2B.
Além disso, há 60 grandes empresas, sendo que dessas metade está fisicamente no prédio da Vila Olímpia, em São Paulo. A outra metade em forma omnichanel, por meio também de uma plataforma que conecta demanda e soluções entre startups e companhias.
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Para saber mais como está o funcionamento do hub e o atual momento das startups no Brasil, a ISTOÉ DINHEIRO conversou com exclusividade com Paulo Costa, CEO do Cubo Itaú, e Marcella Falcão, head de Corporates e Investors, também do Cubo Itaú.
Como funcionam essas conexões?
Segundo eles, apenas em 2023 foram mais de 3 mil conexões criadas. Mas há objetivos e critérios bem definidos quando o hub realiza esses encontros.
“Temos essa visão com quatro grandes pilares nos objetivos dessas conexões, que são: acesso a negócios, que é genuinamente para a startup vender; acesso ao capital; oportunidade de emprego; e conhecimento”, diz Marcella.
Como o prédio do Cubo viabiliza as conexões?
Os ambientes do prédio do Cubo seguem o perfil do formato proposto por big techs atualmente, como o Google, para citar, com ambientes ‘livres’, rooftop, salas de jogos, escorregador, salas abertas e despojadas, auditório, entre outros “atrativos” para quem trabalha no local.
“Eu brinco que ele é uma ‘Times Square’ dentro do mercado de inovação, porque temos todas as exposições de logo aqui e essa presença é muito forte que acaba ocasionando encontros ocasionais por pessoas que têm trocas de oportunidade de negócio a fazer, em uma forma traduzida de arquitetura.”
Nos andares, as corporações ficam nos entornos e as startups no meio. Com isso, há conversas entre elas e cada uma entende o que está precisando. São realizados cinco eventos por dia.
Transformação Omnichannel
Além do prédio em si, outra proposta para o “match” entre as empresas é o omnichannel, com uma plataforma para esse fim.
“Outra coisa que nos ajuda a ter uma visão de ter mais opção de solução para os problemas que a gente tem é a omnicanalidade. O Cubo até 2019 era um prédio físico. Com a pandemia, ficamos um tempo fechados, investimos em digitalização e desenvolvemos uma plataforma global de relacionamento de startups, grandes empresas e investidores. Foi o que nos fez sair de 120 startups para 500”, explica Paulo.
Ele destaca que são quase 40 startups da América Latina, com presenças de Argentina, Uruguai, Colômbia e Chile.
“Isso faz com que a gente não olhe crescimento, mas crescemos oportunidades. O que fazemos aqui é conectar. Não somos aceleradora, incubadora, somos um hub de conexões.”
Como está o mercado de startups?
Após um boom de investimentos em startups no Brasil em 2021, com US$ 9,4 bilhões, segundo dados divulgados pelo Distrito, os aportes seguem desacelerando. Para Paulo, isso foi um ponto fora da curva.
“Entendemos que o mais perto do normal é o que está acontecendo agora em termos de acesso à capital e que 2020 e 2021 é o ponto fora da curva. A euforia de acesso à capital. É interessante que isso exige mais, inclusive dos empreendedores, terem os fundamentos econômicos e de negócios muito mais claros, muito mais sólidos do que antes.”
Para ele, os fundos vão exigir que o empreendedor tenha muito mais domínio não só do mercado que ele quer atingir, mas de gestão e de questões financeiras.
Fundos de Investimento
Com isso, uma das novidades do ano passado do Cubo foi tornar tangível o relacionamento com fundos de investimento, já que o hub não havia uma comunidade voltada para esse público.
“O que estabelecemos foi de ter o Cubo como um ‘soft landing’ para todo capital de fora e que tenha interesse na América Latina. Essa é a nossa prioridade estratégica para os próximos três anos “, diz Marcella.
O hub, atualmente, trabalha com 12 fundos de investimento, sendo quatro internacionais.
Segmentos
O Cubo possui vários tipos de segmentos. Cada andar conta com uma divisão, como agro, logística, portuário, entre outros.
“Com isso ganhamos profundidade nas discussões, e aí, nesse sentido, conseguimos mostrar para as empresas o que tem de mais novo em cada uma das suas verticais, mas também buscar uma troca das indústrias que estão mais envolvidas, com as menos desenvolvidas”, aprofunda Marcella.
Segmentos em alta
Eles afirmam que os segmentos de startups em alta são: ESG, fintech e agro. Isso mirando as dimensões que os hubs segmentados dentro do Cubo tomam em proporção.
“O Cubo é um pouco reativo e vai acompanhando o mercado. Quais são as principais indústrias que são tendências? Nós respondemos a isso. Temos um hub de agro business com várias empresas que são mantenedoras desse hub, que, em dois anos, sai de três startups para mais de 40”, reflete Paulo.
E completa: “fintech é sempre muito importante, seja pelo engajamento digital, conveniência. E ESG, que temos um hub bem forte.”
IA como meio
Para os especialistas, a inteligência artificial é uma solução meio para as startups.
“Aqui nós temos soluções que são muito potencializadas com o tema ou que tragam eficiência, corte de custos, em vez de ter isso na essência.”
Como case, Marcella cita a startup Aravita, que utiliza IA para resolver o problema de desperdício de alimentos melhorando o sistema de compra de FLV de supermercados.
Crescimento do Cubo
O Cubo não tem uma visão de crescimento em startups, mas de qualidade. Há uma curadoria que realiza esse processo e costuma incluir perfis com faturamento anual a partir de R$ 2 milhões, mais prontas e que consiga resolver problemas de grandes corporações. No entanto, há exceções e projetos para diversidade com empresas iniciantes.
“No Cubo há dois programas, um que é o ‘Mulheres ao Cubo’, onde a gente trabalha mulheres fundadoras. E o ‘Afro ao Cubo’.”
Somente no primeiro, são mais de 100 mulheres fundadoras nas quais colocam os seus desafios para discussão em grupo.