O cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, afirmou em entrevista à imprensa, na abertura da Campanha da Fraternidade de 2017 nesta quarta-feira, 1º, que é preciso acrescentar aos biomas brasileiros tradicionais o bioma da metrópole, que exige uma relação especial do homem com a criação onde “a natureza é mais destruída e menos cultivada”.

“O bioma da metrópole se aplica a todas as grandes cidades, não estou me referindo apenas à área urbana de São Paulo”, disse d. Odilo. A Arquidiocese de São Paulo, assim como outras capitais, tem pouco verde, em comparação com outras regiões onde a Igreja defende o respeito do homem ao ecossistema em que vive.

O cardeal observou que a questão do bioma é um tema complexo que significa para algumas pessoas, quando se fala da Campanha da Fraternidade, cuidar bem do ambiente e da vida. “Como salienta o papa Francisco, significa respeito ao Deus criador e respeito ao próximo, porque se trata de cuidar bem da casa comum”.

Os biomas brasileiros, conforme lembra o texto-base da Campanha da Fraternidade, são seis: Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa, Pantanal e Amazônia. Os católicos são convidados a refletir sobre as características de cada uma dessas regiões, para analisar como deve ser o respeito de seus habitantes à natureza.

Equipes de pastoral organizadas nas paróquias e em pequenas comunidades vão discutir durante os 40 dias da Quaresma, da Quarta-feira de Cinzas até o Domingo de Ramos, qual deve ser a ação da Igreja para aplicar as recomendações da Campanha da Fraternidade. “Não só dentro da Igreja, mas também nas famílias, nas escolas e em outros locais”, disse d. Odilo.

O cardeal citou o saneamento básico como exemplo de um problema que deve ser tema de reflexão, quando se fala de tratar bem o bioma numa cidade com respeito à natureza. “Falta consciência ambiental, não só em relação ao verde, mas também em relação às pessoas, pois Deus colocou o ambiente a serviço do homem e da vida”, ressaltou d. Odilo.

“O descuido da casa comum destrói os biomas que se tornam impróprios para a vida”, afirmou o cardeal, insistindo que “respeitar o ecossistema é respeitar a pessoa humana”. O homem, observou d. Odilo, recebe o efeito benévolo ou maléfico do tratamento que se dá ao bioma. Por isso, acrescentou, a religião tem muito a ver com essa questão, que no fundo significa preocupação e luta em respeito à vida.