06/07/2005 - 7:00
Foi um dos homens mais inteligentes da história. E embora não fosse culto nem falasse latim, era um gênio, interessado pelos mais variados assuntos, entre culinária, engenharia e pintura?. É assim que o professor Leandro Karnal, chefe do departamento de História da Unicamp, define Leonardo Da Vinci durante uma das aulas da Casa do Saber, o centro de estudos paulistano jocosamente apelidado de ?Daslusp? ? soma do templo de luxo Daslu com USP (Universidade de São Paulo) ?, por reunir acadêmicos de reputação com a nata da elite de São Paulo. É uma terça-feira e Karnal ministra seu curso a um grupo de advogados do escritório Mattos Filho. ?Eruditos às vezes falam muito sem dizer nada?, ensina o mestre. ?Bem típico dos tributaristas?, brinca um dos alunos. O encontro da turma de terno e gravata com o docente da Unicamp é o retrato de uma história bem sucedida: a Casa do Saber agora já oferece palestras também fora de seu endereço, no bairro do Itaim, e os prepara sob medida. A alcunha de ?Daslusp?, embora incomode seus criadores, ajudou a fazer o marketing da empreitada (2.200 alunos em apenas um semestre) e pavimentou o crescimento para fora das instalações originais.
Os cursos são oferecidos em empresas, escritórios e até residências de todo o País. Podem tratar de arte, filosofia e história, entre outros temas. ?Podemos customizar ou
aproveitar os da nossa grade?, diz Mario Vitor Santos, diretor executivo da Casa do Saber. O curso a respeito de Da Vinci bancado pelo Mattos Filho Advogados foi elaborado para ensinar conceitos básicos a leigos no assunto em dois dias. É compacto. Mas acrescenta o suficiente para que os participantes conheçam, por exemplo, a diferença entre o clássico e o moderno, de modo a aprimorar as visitas de férias ou trabalho aos principais museus do mundo. Habitualmente, os advogados tinham aulas aborrecidas, exageradamente técnicas, com temas como oratória, novo Código Civil e matemática financeira. Entrar na vida de Da Vinci é um renascimento. ?Saímos da amplitude jurídica para oxigenar a cabeça dos funcionários?, diz Marisa Dalmchen, gerente de Recursos Humanos do escritório. ?Ninguém vive só de trabalho?. Já que a ordem é descontrair, o clima na despojada sala de aula, que mais parece um lounge, nada tem de sisudo, como manda o figurino. Os alunos ouvem o professor acomodados em pufes, sofás ou com os pés nas cadeiras, e no intervalo, tradicionalmente, tomam vinho (a bebida por excelência da Casa).
Já há fila de empresas em busca das palestras. É o caso da Honda, por exemplo, que durante o mês de julho promoverá em Campos do Jordão aulas sobre música clássica, artes plásticas, cinema. Tudo gratuito para os participantes que fizerem test drive nos carros que a marca vai expor, como o CR-V de R$ 115 mil. A Vivo e a Unilever também já manifestaram interesse. Mas a Casa do Saber deseja ir ainda mais longe. Em outubro, acompanhará seus aprendizes em uma visita guiada de dez dias por Veneza e Paris. A viagem custará cerca de e 3 mil. Aos que não podem tanto, há um outro caminho: o centro oferece cursos para grupos de até 40 amigos por R$ 1.500 a aula. Para quem preferir freqüentar o QG, contudo, há uma regalia. Para poucos, é bom dizer. Uma espécie de cartão fidelidade em edição limitada de quinze unidades dá o direito de participar de toda e qualquer aula da Casa do Saber por seis meses ao custo de R$ 3 mil. Normalmente, o preço de cada aula é R$ 80. Um investimento razoável para quem quer adquirir, de modo expresso, riqueza de cultura e conhecimento refinado tendo diante de si professores universitários afeitos a conviver com os bon vivant.
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R$ 1,5 mil é o preço da aula para grupos de até 40 pessoas oferecida em residências |