O ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy avalia como positivo o relatório bimestral de receitas e despesas divulgado na segunda-feira, 23, pelo Ministério da Fazenda. Para Levy, o documento está “interessante” e trouxe “novidades”.

“Há uma série de indicadores de que o cumprimento do arcabouço é cada vez mais crível. Acho muito interessante a divulgação de ontem, trouxe novidades. Ele trocou receitas incertas do Carf por receitas mais certas, resultante de uma longa de negociação no Congresso. Agora se sabe como a desoneração da folha vai ser compensada. Pelo menos por agora. Depois, mais para frente, vamos ver como é que evolui.”

Levy destacou ainda a fala do vice-presidente Geraldo Alckmin garantindo o cumprimento do arcabouço fiscal. “O Alckmin de fiscal entende. Então tem uma coesão grande para gente continuar trilhando o caminho da segurança”. E chamou a atenção para decisões positivas do relatório – algumas “sutis”, apontando, por exemplo, a diminuição do gasto de pessoal para acomodar outras despesas.

O ex-ministro da Fazenda participou nesta terça-feira, 24, do Brazil Conference, evento promovido pelo Banco Safra, em São Paulo, que teve a presença do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, de Goiás, Ronaldo Caiado, do Paraná, Ratinho Jr., e de empresários de grandes empresas de diferentes setores. Hoje, Levy é diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercado do Safra

“Estamos aqui com empresários, todos os setores estão extremamente confiantes.Vemos uma economia que está crescendo, emprego indo bem, inflação baixa. E desafios têm todo dia. Temos aí os desafios fiscais que temos que enfrentar com serenidade e clareza”.

Para o ex-ministro, o governo está fazendo o que pode. “O Ministério da Fazenda tem sido muito consistente, tem muito diálogo com o Congresso, garantindo que as coisas avancem”.

“O bom problema”

Sobre a ata do Banco Central divulgada hoje, com os detalhes da reunião do Comitê de Política Econômica (Copom), Levy avalia que foi “cautelosa” e destacou o uso do termo “diligente” no documento.

“O presidente [do BC] falou da boa notícia do mercado de trabalho vigoroso, mas não se traduziu em pressões de preço. Tem uma expressão interessante ali na ata em que dizem que vão continuar ‘diligentemente’ olhando como a economia vai andar antes de dar outros passos.”

Por isso, o ex-ministro acredita que o mercado se precipita ao apostar em subida de 3 pontos percentuais nos juros. “Não é isso que o Banco Central está falando. Ele vai subir depois de fazer essa análise diligente como as coisas vão andando, inclusive lá fora, e aí ele vai decidindo aos pouquinhos. Tem tempo para isso”, disse.

Ele volta a destacar o bom momento da economia, com inflação sob controle e emprego “indo bem”, inclusive, apontando para o que ele chamou de “bom problema” da economia, que é o mercado de trabalho aquecido.