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LUIZ, DE 40 ANOS, É DIRETOR DE UMA EMPRESA do setor de serviços, trabalha cerca de 14 horas por dia, viaja a trabalho com freqüência e divide o tempo entre reuniões, leitura de relatórios e desenvolvimento de projetos. Lazer? Só a caminhada matinal no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, ao lado da namorada, Patrícia. Até para conhecê-la foi difícil. Sem tempo para sair da rotina corporativa, ele contratou uma agência de relacionamentos. Pode parecer estranho, mas essa prática se tornou comum entre homens de negócio com agenda lotada.

Além do sigilo absoluto ? característica primordial nesse setor (os nomes dos personagens da reportagem foram mudados) ?, os serviços oferecidos vão desde encontros reservados na própria agência, jantar em restaurantes sofisticados e viagens até shows temáticos. ?O público de executivos tem crescido 20% ao ano?, diz Marlene Heuser, diretora da agência curitibana Golden Years.

Os preços dos serviços variam entre R$ 1,8 mil e R$ 5 mil para contratos de até 18 meses. ?Trata-se de um trabalho delicado. Cerca de 95% dos nossos clientes são profissionais muito bem posicionados?, afirma Claudya Toledo, dona da agência A2 Encontros, empresa com nove mil clientes cadastrados. Quanto à análise da idoneidade dos pretendentes, o trabalho é sempre minucioso. O empresário Sidney, 50 anos, dono de uma empresa na área de engenharia civil, e a médica Carmem, 40 anos, só foram se conhecer depois de passarem por duas entrevistas e de comprovar que não tinham pendências financeiras e antecedentes criminais. ?Nossos clientes não têm tempo a perder com preocupações?, explica Iona Schechter, dona da Lunch for Two, agência com sede no Rio de Janeiro que promove mais de 40 encontros por semana. Outro fator importante é o clima agradável que as agências proporcionam para os pretendentes. No caso da Paimi Casamentos, localizada em São Paulo, fundada em 1954, os três primeiros encontros são realizados em salas reservadas na própria agência que vão sendo agendados de acordo com o interesse despertado entre os candidatos. ?O primeiro encontro é um pouco frio, mas depois a conversa flui muito bem?, relembra a empresária Luciana, 34 anos. Dona de uma rede de lojas de roupas no Guarujá, litoral paulista, ela conheceu o atual namorado, o médico Marcelo, de 40 anos, há dois meses. ?Cruzamos os perfis dos candidatos antes de marcar um encontro?, completa.

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Para evitar qualquer tipo de constrangimento entre os pretendentes, após o encontro, os candidatos são questionados individualmente se aquele primeiro contato pode render uma segunda vez. Porém, encontrar a cara-metade não é o único objetivo desse jogo. As agências também oferecem ótimas oportunidades para que seus clientes possam conhecer pessoas seletas e fazer amigos. Uma prática muito aplicada na agência Table for Six, em São Paulo. Todos os meses são promovidos mais de 12 eventos entre jantares, shows e reuniões em bares. Os encontros variam de quatro a seis participantes, todos escolhidos a dedo. Para participar dessa rede de relacionamentos, cada um dos 400 sócios ativos paga entre R$ 1,8 mil a R$ 2,4 mil em títulos que variam de seis meses a um ano de validade. ?É a estratégia mais rápida para se fazer amigos?, afirma o empresário Roberto, membro do grupo há um ano.