Contrariando a tese de que, com a digitalização, as agências físicas de viagem apresentariam perda da relevância, o CEO da CVC Corp, Fábio Godinho, relata que a companhia apresentou números expressivos de aberturas de lojas.

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Ao Dinheiro Entrevista, programa de entrevistas do site IstoÉ Dinheiro, o executivo destacou que a companhia, dentro do varejo brasileiro, foi a empresa de capital aberta que mais abriu lojas em um recorte recente.

“No terceiro trimestre de 2024, se você comparar todas as companhias de capital aberto do Brasil, a CVC foi a empresa varejista que mais abriu pontos de venda. Nós abrimos mais unidades que farmácias da Raia Drogasil e academias da Smart Fit. Para quem diz que não existia mais agente de viagem, isso é uma excelência notícia”, afirmou.

No total, a CVC teve 90 lojas abertas no terceiro trimestre de 2024, acumulando um total de 191 lojas abertas nos nove primeiros meses do ano em questão. A CVC possui atualmente 1.300 lojas no Brasil e 160 lojas na Argentina.

O CEO da CVC relatou ver uma demanda aquecida no setor e citou uma pesquisa do Sebrae que aponta que viajar dentro do Brasil foi apontada como prioridade número um de consumo dos brasileiros no ano passado, ao passo que adquirir a casa própria ficou em segundo lugar e viajar para o exterior ficou em terceiro lugar.

“O brasileiro quer viajar, seja para o Brasil, seja para o exterior, e também quer comprar férias com assistência, no pré-venda, durante a venda, no financiamento, e na volta da viagem. Ele quer combinar o modelo online com o offline.”

Nesse sentido, aponta que os brasileiros ainda demandam assistência no processo de viagem, principalmente em ‘trajetos e viagens mais elaboradas’.

Godinho ainda declarou que a empresa, com a digitalização, viu o seu mix de produtos mudar, com a empresa agora tendo pacotes dinâmicos e uma venda que começa no online sendo o carro chefe.

CVC registrou primeiro lucro em 20 trimestres

No acumulado do terceiro trimestre de 2024, último resultado divulgado, a empresa de viagens registrou um lucro líquido de R$ 14,4 milhões, revertendo um prejuízo líquido de R$ 87,5 milhões do mesmo período do ano passado.

Com isso, a empresa fechou um trimestre no azul pela primeira vez em 20 trimestres.

O resultado foi beneficiado por ajustes não recorrentes relacionados principalmente aos impactos da pandemia de Covid-19, incluindo comissões não recuperadas.

O Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 115,8 milhões, no período, alta de 487% em comparação a igual período do ano anterior.  Já o Ebitda ajustado da CVC Corp no terceiro trimestre de 2024 ficou em R$ 124,7 milhões, alta de 29% na base anual.

‘Virada dos números’

Godinho, que assumiu a CVC em junho de 2023, relata que a empresa concluiu recentemente um processo de recuperação e de “virada dos números”, com várias mudanças do management. “A partir de 2025 entramos numa fase de crescimento e inovação, não tem mais aquele aperto financeiro e todas mudanças drásticas”, diz.

Segundo o executivo, o ‘momento desagradável’ já passou.

“Acho que 2025 será um ano muito positivo, já que já passamos esse um ano e meio de turnaround… Quando você faz o turnaround, esse início é mais turbulento, você tem que cortar custos, você tem que fechar determinados canais, encerrar algumas iniciativas, e muitas vezes isso é desagradável, mas não que isso seja um problema, já fizemos isso várias vezes. É ruim mas é necessário”, afirmou.

‘Fechamos 2024 com uma Black Friday excelente’

Sobre o resultado do último trimestre de 2024, o CEO relatou que a empresa apresentou um salto de 40% na Black Friday ante o período promocional do ano anterior. Com isso, o faturamento do mês de novembro foi impulsionado e a empresa bateu um novo recorde para o período.

“Tivemos uma Black Friday excelente, acima das nossas expectativas, crescendo 40% no B2C [venda direta para o consumidor, sigla para Business to Costumer] ante o ano passado. Também tivemos 18% de crescimento de vendas nas mesmas lojas e fizemos o melhor novembro de toda a história das lojas CVC e dos canais digitais”, disse o executivo da CVC.

Quais os destinos mais procurados pelos brasileiros?

Questionado sobre os destinos que mais despontaram, Godinho comentou que não houve grandes alterações no mix de vendas, que segue com uma distribuição de cerca de 60% de viagens nacionais e 40% de viagens internacionais (excetuando cruzeiros, que são cerca de 15%).

Contudo, destacou que destinos do Nordeste tem sido populares.

“Acho que todos os estados do Nordeste desenvolveram bastante, porque eles tem tanto capitais como destino primário, como Maceió, Fortaleza, Natal, e você também tem destinos secundários, muito procurados, no caso de Maragogi, de Pipa. Você tem pra todo mundo, dos mais ao menos explorados”, comenta.

“Lógico que a Serra Gaúcha agora também voltou com muita força, após a reabertura do Aeroporto Salgado Filho, que ficou tanto tempo fechado, então voltou batendo recorde, mostrando a resiliência da região”, completou o executivo da CVC.