Quando o sinal verde surge no semáforo, o Porsche 911 Carrera S, avaliado em R$ 600 mil, dispara em meio aos carros no trânsito da movimentada avenida Europa, em São Paulo. Em poucos segundos, o piloto cola no banco, resultado da velocidade proporcionada pelo motor de 345 cavalos de potência. No final da reta, dentro dos limites permitidos pela lei, o homem ao volante, o empresário Edsá Sampaio, freia e afirma: ?Já vendi uma Ferrari mostrando ao cliente a potência do motor nesta mesma avenida?. Aos 42 anos, esse pernambucano radicado em São Paulo há 10 anos, fez os seus empreendimentos crescerem na velocidade dos carros mais possantes do planeta. De uma modesta empresa que comprava automóveis batidos para recuperar e revendê-los, ele hoje comanda um pequeno império. Trata-se da venda de veículos como Rolls Royce, Ferrari, entre outros bólidos, empresas de bebidas, produtora de shows e boates. Estima-se que seus negócios faturem R$ 30 milhões por ano. ?Se antes eu comercializava carros batidos, hoje vendo sonhos?, diz Edsá.

Alguns desses sonhos de consumo debutaram, recentemente, na Daslu, o templo do consumo classe A em São Paulo. Ali, a First Import, a loja de carros refinados de Edsá, abriu um espaço. A iniciativa teve ótimos resultados. Em apenas um mês foram vendidos duas unidades do Mini Cooper, aquele pequeno veículo britânico vendido a R$ 180 mil. O público que compra os carros da loja de Edsá é, de fato, bem diferente daquele que ele lidava no início de sua carreira empresarial. No início da década de 1980, quando tinha apenas 20 anos, ele vendeu um Passat usado e decidiu começar um negócio em Recife. Comprava carros semi-destruídos em leilões de seguradoras, reconstruía-os e, em seguida, tratava de revendê-los com lucro de até 60%. Rapidamente tornou-se conhecido entre os empresários e ingressou na badalada agenda da juventude dourada do Nordeste. Percebeu aí uma ótima oportunidade para aproveitar todos esses contatos. ?Comecei a comprar carros importados de consulados em São Paulo e Brasília e revendia no Nordeste?, diz Edsá. Na medida em que vinha a São Paulo para negociar os veículos, o empresário foi construindo uma rede de relacionamentos muito boa. Decidiu, então, mudar-se para a capital paulista em 1995 e iniciou as vendas de carros importados de luxo. Depois disso, pisou no acelerador. ?O Edsá é uma pessoa muito enérgica?, diz Raul Garcia, sócio na First Import. ?Pensa em novos negócios toda hora?.

Em uma das viagens para a Alemanha, quando fecharia um contrato com a Porsche, provou uma bebida que poucos conheciam no Brasil: os energéticos. Meses depois desembarcava um lote com 74 mil latinhas no Brasil. Tornou-se uma febre na noite paulistana e carioca. Isso rendeu-lhe novamente novos contatos com empresários como João Paulo Diniz, herdeiro do Grupo Pão de Açúcar, Alexandre Accioly, o apresentador Luciano Huck e outros jovens bem nascidos. Desta teia de ótimos relacionamentos surgiram empresas como a Host Entertainment, que produz o carnaval fora de época Recifolia, a boate Lotus, cuja entrada custa R$ 100, a Pousada Maravilha, em Fernando de Noronha, com diárias de R$ 1,2 mil, e a fabricação das bebidas Flying Ice e Flying Horse, bebidas alcóolica e energética respectivamente. Mas vem mais por aí: ?Em breve, farei o maior negócio da minha vida?, antecipa. ?Será na área de tecnologia?. É esperar para ver. Edsá quer acelerar ainda mais.

Os tentáculos de Edsá

R$ 30 milhões é o faturamento estimado das empresas do pernambucano

First Import: venda de carros esportivos
Host Entertainment: produção de eventos
Flying Horse: fabricante de bebidas energéticas
Lotus: badalada boate em São Paulo
Pousada Maravilha: hospedagem de luxo em Fernando de Noronha