São 68 anos de história. Aproximadamente sete décadas de negócios voltados quase exclusivamente ao papel de intermediadora de aluguel e de venda no mercado imobiliário de São Paulo. Mas a Lello Imóveis nunca se acomodou. Pelo contrário. Se transformou com a mesma velocidade do segmento no País. Nos últimos anos, além da adoção do digital nas operações, projetos voltados aos condomínios atendidos, às comunidades na vizinhança e, principalmente, parcerias passaram a fazer parte do potfólio da companhia, líder do mercado sul-americano e entre as cinco maiores do mundo. “O faturamento em 2021 atingiu R$ 250 milhões e a expectativa é que em 2022 o crescimento chegue a 20%”, afirmou à DINHEIRO Antonio Couto, presidente da Lello Imóveis. Os números referentes ao ano passado ainda são apurados.

Fundada em 1954, no tradicional bairro paulistano da Mooca, a Lello atuou inicialmente nas áreas de comercialização de imóveis e de construção de prédios. A partir da década de 1980, a empresa passou a operar no segmento de administração imobiliária, processo que ganhou força com o decorrer dos anos. “É isso o que nós fazemos hoje, por meio da Lello Condomínios”, disse o executivo. As outras duas verticais em que a companhia atende são Lello Imóveis e LelloLab.

A empresa é líder do mercado nacional na vertical de condomínios, com 3,5 mil contratos. Isso corresponde a cerca de 300 mil unidades ou a 1 milhão de moradores. Um patrimônio de R$ 190 bilhões. “Somos a maior empresa do Brasil no setor”, disse Couto. “E talvez na América do Sul, porque não há outro player com esse volume. Principalmente porque não há cidade deste tamanho (como o de São Paulo).” A expectativa do presidente é que em até cinco anos o volume de condomínios sob a administração da Lello mais que dobre e chegue a 8 mil.

Para isso, a empresa tem apostado em parcerias para expandir os negócios. No início deste ano, anunciou acordo com a Housi, pioneira na oferta de moradia flexível 100% digital, visando a integração dos serviços oferecidos pelas duas empresas aos condomínios brasileiros. O acordo aposta em sinergia de portfólio, além do aporte de novas tecnologias e implantação de modelos de ocupação de espaço em empreendimentos novos ou existentes que serão desenvolvidos, estruturados e explorados conjuntamente.

Anderson Demario

“A ideia com o LelloLab foi parar de pensar apenas nos aspectos burocráticos, mas também contribuir com a convivência” Antonio Couto, presidente da Lello Imóveis.

As outras duas verticais da empresa também seguem apostando em novidades e avanços. A Lello Imóveis é a linha que gerencia aluguel e venda. A Lello Locação, além de cuidar da locação, administra os imóveis que aluga. Atualmente, a carteira tem quase 11 mil unidades. “Essa vertical [locação] é bem agressiva, com um processo bastante digital, automatizado e muito autosserviço.” Entre suas soluções está o Aluguel Tranquillo, modalidade sem fiador. “E uma série de benefícios para o inquilino, como realização da mudança e arrumação de toda a estrutura do imóvel.”

TESOURO DOS BAIRROS Para abastecer tanta transformação com novas soluções surgiu o LelloLab. É uma das principais apostas da companhia. Criado em 2017, o ecossistema de inovação desenvolve soluções para os condomínios e imóveis administrados pela empresa. É dele que saem os projetos colocados em prática pelo grupo Lello. “A ideia com o LelloLab foi parar de pensar apenas nos aspectos burocráticos, mas também no que seria uma forma de a Lello contribuir com a convivência, com a aproximação da vizinhança.” Um dos programas pioneiros desenvolvidos pelo laboratório foi o Tesouros do Bairro, plataforma que busca conectar os moradores dos imóveis aos profissionais que atuam na vizinhança. Uma iniciativa que tem surtido resultados, segundo Couto.

O LelloLab também tem entre as suas atribuições a missão de acelerar startups vinculadas ao sistema de moradia. “Tudo tem a ver com morar e conviver”, disse o presidente. No portfólio há startup que faz serviços de manutenção de apartamento; de lavagem de carro na garagem sem a utilização de água; e de assistência a pet, por exemplo. Claro que, como em todo laboratório, existem ideias que não avançam. “Porque, às vezes, são muito complexas. Mas a maior parte do que está acontecendo no LelloLab tem recebido do público tratamento excepcional.”

Diante dos resultados, a Lello Imóveis continua a expandir as operações pelo estado de São Paulo. Além dos quatro hubs paulistanos (um a ser inaugurado), e outras filiais na capital e na região do ABC, a empresa tem avançado rumo ao interior e ao litoral. Atualmente, possui unidades em Campinas, Jundiaí, Piracicaba e Ribeirão Preto, pros lados do interior. E Santos, Guarujá e Bertioga, no litoral. “A ideia é sair um pouco de São Paulo”, disse Couto. E isso significa mirar também outros estados. “Estamos com uma parceria em Maceió, por exemplo, que vai muito bem.” Uma maneira de o Nordeste entender o poder da expressão “orra, meu!” — um clássico de todo morador da paulistana Mooca.