09/09/2020 - 13:01
A Dasa e a Covaxx, uma divisão da americana United Biomedical que tem trabalhado em uma eventual vacina contra a covid-19, se juntarão em testes das fases II e III da vacina desenvolvida pela Covaxx no Brasil. Além disso, a empresa brasileira doará R$ 15 milhões ao desenvolvimento da imunização. Os anúncios foram feitos nesta quarta-feira, 9, em coletiva de imprensa virtual feita pela companhia brasileira.
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De acordo com a Covaxx, a vacina é feita de peptídeos sintéticos de precisão, enquanto a da AstraZeneca é produzida a partir de um adenovírus extraído de chimpanzés, e imunizações como as da Moderna e da Pfizer em parceria com a BioNTech são produzidas a partir do mRNA do coronavírus. Os dados fornecidos pela companhia também afirmam que os anticorpos neutralizadores produzidos pela vacina estão acima de 32 mil.
Peter Diamandis, cofundador e vice-presidente do conselho da Covaxx, afirmou que um dos pontos mais importantes é que a vacina tem escala de produção à altura das necessidades de imunização da população. “A Covaxx usa a mesma plataforma que produz 5 bilhões de doses de vacinas para doenças em animais. Ela pode produzir vacinas em larga escala”, afirmou.
De acordo com a Dasa e a Covaxx, as primeiras 10 milhões de doses serão direcionadas a redes particulares, mas a rede pública brasileira tem 15 milhões de doses garantidas. “Temos discutido sobre o desafio que temos com a covid-19”, disse o diretor médico executivo da Dasa, Emerson Gasparetto. Ele afirmou ainda que além da doação da Dasa, MRV, Localiza e Banco Inter doarão, juntos, R$ 15 milhões para a vacina, totalizando R$ 30 milhões em recursos.
Recrutamento
Dasa e Covaxx esperam começar a recrutar voluntários para a fase II dos testes da vacina desenvolvida pela companhia americana até o final do ano. Segundo o diretor médico de análises clínicas da Dasa, Gustavo Campana, o recrutamento começará após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar os resultados da fase I de testes da vacina, que está em andamento em Taiwan, na Ásia.
“Após o final da fase I, que está acontecendo agora em Taiwan, vamos submeter os resultados à Anvisa, e começaremos a recrutar os pacientes”, disse Campana na coletiva de imprensa virtual promovida pelas duas companhias. O foco da Dasa é iniciar os testes da fase II no Brasil com ao menos 2 mil pessoas.
De acordo com Campana, o recrutamento será feito utilizando a base de dados dos pacientes da Dasa, que ele considera um dos principais atributos competitivos da vertical de testes clínicos da companhia. A visão do executivo é de que essa base deve permitir um recrutamento mais rápido. “Este cenário de pandemia acelerou as aprovações regulatórias”, disse.
O executivo comentou que os resultados dos testes clínicos realizados até o momento têm sido “animadores”. Ele afirmou que os testes serão feitos durante 12 meses, para medir a resposta imunológica.
Resultados
Os resultados dos primeiros testes clínicos da vacina ainda não foram publicados em revistas científicas, mas isso deve acontecer em breve. A afirmação é da cofundadora e coCEO da Covaxx, Mei Mei Hu, que disse que a empresa está agregando mais estudos aos resultados antes da publicação.
“Apresentamos nossos resultados em conferências, e estamos preparando um manuscrito (para a publicação)”, disse ela na entrevista coletiva virtual. “Os manuscritos terão a inclusão de alguns estudos que estamos fazendo, e vamos publicá-los em breve.”
De acordo com ela, os resultados obtidos até o momento, nos testes de fase I – que segundo as empresas, estão sendo realizados em Taiwan – houve uma “resposta ampla” do sistema imunológico dos pacientes. A vacina, de acordo a Covaxx, é baseada em peptídeos, em uma plataforma que a empresa afirma que possibilita a produção em larga escala da imunização.
Segundo Mei Mei, há um “número” relevante de vacinas comerciais que utilizam tecnologias semelhantes, a maior parte delas utilizada na medicina veterinária. Em doenças que atingem a seres humanos, a executiva afirmou que um exemplo é uma vacina contra o mal da Alzheimer, que segundo ela, está chegando à fase II dos testes.
“É uma tecnologia que temos utilizado por anos, para produzir bilhões e bilhões de doses. É claro que é em aplicações veterinárias, mas fizemos vários testes em humanos ao longo dos anos”, declarou. “Não há quase nenhuma reação até o momento, e não deveria haver.”