Ligue para o escritório do LatinFinance em São Paulo e terá uma surpresa. Quem vai atender do outro lado da linha não é um bancário, é um banqueiro. Luiz Fernando Resende, Lincoln Carvalho de Castro e Arnóbio Aladim de Abreu fazem parte de uma nova categoria de homens de finanças. Eles acabaram de criar um banco que não tem pompa nem circunstância. No LatinFinance, os banqueiros não têm secretárias, não usam termos em inglês nem vestem terno. ?Somos um banco de resultados e não de aparência?, diz Resende.

Ex-vice-presidente do Bozano, Simonsen e do banco de investimentos do Santander, Resende alimentava há sete
anos o sonho de ser banqueiro. ?Eu queria ter um negócio próprio e pensei: por que não um banco??, conta. Outros dois diretores do Santander, Castro e Abreu, acharam que a pergunta fazia sentido. Os três decidiram criar o LatinFinance aproveitando uma brecha de mercado. Como os serviços financeiros estão cada vez mais concentrados nas mãos de grandes bancos ou requintadas instituições internacionais, os donos de empresas de porte médio nem sempre são bem atendidos.

?Os empresários se sentem intimidados pelo ?financês? dos bancos de investimento?, diz Resende. No LatinFinance, a regra é a simplicidade. Foi proibido o uso de jargões como ?m&a?, ?project finance? e ?IPO?. Todos se vestem de maneira informal, em mangas de camisa. A idéia é oferecer serviços financeiros complexos com uma roupagem simples. O alvo são empresas com faturamento anual entre R$ 100 milhões e R$ 700 milhões. ?Muitas das empresas de médio porte são controladas por famílias. Nem todos conhecem ferramentas sofisticadas do mercado?, diz Resende.

O LatinFinance não emprestará dinheiro, mas ajudará as empresas a levantar recursos. Além disso, serão oferecidos serviços em fusões e troca de sócios. O banco começa simples na estrutura. São seis funcionários em dois escritórios no Rio de Janeiro e em São Paulo. Bem menos que os 83 funcionários que Resende comandava no Santander. ?Hoje, eu ponho a mão na massa. Mas compensa meu sonho?, diz o ex-bancário.