24/08/2012 - 21:00
Uma já considerável parcela de empresas brasileiras, que atuam em diversos setores, voltou a acelerar seus planos de investimento e expansão, ignorando prognósticos negativos sobre a evolução da economia. Literalmente de costas para a crise, elas têm sido responsáveis por uma virada de humor dos analistas com relação ao futuro do Brasil e uma mudança, ainda que lenta, nos indicadores monetários. Os sinais de recuperação da economia estão por todos os lados. Em julho, a dívida pública caiu quase 5%, num movimento descendente que não se via desde janeiro. A indústria iniciou uma gradual retomada desde meados do ano e promete apresentar números positivos e alvissareiros neste segundo semestre.
O setor automobilístico, por exemplo, espera que agosto bata recorde de vendas de veículos com a ajuda providencial da queda do IPI determinada pelo governo. Neste mês, a bolsa de valores também exibiu resultados cintilantes. Os aplicadores estrangeiros voltaram com força total e lançaram mais de R$ 2,1 bilhões nas primeiras semanas de agosto. Linhas de crédito, emprego e consumo seguem a plena carga. Na semana passada, durante encontro de empresários do Lide, o CEO de uma multinacional respondeu de maneira inusitada quando indagado sobre a sua expectativa para o crescimento do PIB neste ano: “Eu não vendo PIB, vendo produtos e eles vão muito bem.” Essa parece que tem sido uma reação frequente e mostra a reviravolta de postura de muitos empreendedores que desistiram de ouvir análises negativas de especialistas e partiram para a ação.
Pela lente de quem assiste de fora, a imagem do Brasil vai muito bem, obrigado. A sisuda agência de avaliação de risco Moody’s já admite elevar a nota do País, em setembro próximo dado o quadro de estabilização de indicadores que assustavam, como o da inflação. A perspectiva de incremento da atividade econômica com o impacto do pacote de concessões rodoviárias e ferroviárias, da ordem de R$ 133 bilhões (leia matéria aqui) é mais um fator a colaborar com essa eventual melhora de classificação de risco do mercado interno. Sabe-se que não é fácil colocar qualquer país no prumo em meio à instabilidade global, mas o Brasil, com o engajamento de todos os seus agentes e setores, vem sendo razoavelmente bem-sucedido na empreitada.