18/02/2011 - 7:00
A charmosa rue de Grenelle, próxima à Torre Eiffel, no coração parisiense, possui poucas semelhanças com as vias do distrito industrial da cidade paulista de Franca. Mas algo em comum elas têm: uma loja da grife brasileira de calçados e acessórios Carmen Steffens.
Essas ruas representam polos opostos de uma trajetória que começou no interior de São Paulo e que deu seu mais recente passo internacional, em novembro de 2010, quando foi lançada a unidade de Paris, um evento com trilha sonora da cantora malinesa Inna Modja.
A festa deverá se repetir no próximo mês, data prevista para a abertura do segundo ponto de venda da Carmen Steffens em Paris na luxuosa Galeria Lafayette. Outro país no roteiro é o Japão, previsto para fevereiro. Queremos nos expandir mais internacionalmente, disse à DINHEIRO Mario Spaniol, fundador da marca batizada com o nome de sua mãe.
Mas nem tudo foi festa na caminhada de Spaniol. Quando pensou em montar o negócio, em 1993, ele se deparou com uma grande dificuldade: recrutar mão de obra para produtos femininos em uma cidade que se notabilizou como o maior polo de calçados masculinos do País. Nos primeiros anos foi muito difícil, diz Spaniol.
Pé-quente: grife de Spaniol vendeu mais de 1,5 milhão de calçados e acessórios no ano passado para o público feminino
Não tínhamos uma marca forte nem foco ou estilo definidos. Dificuldades à parte, o empresário conseguiu construir uma grife respeitada e que cresceu apoiada em franquias.
Hoje, são 160 lojas no Brasil e 20 fora do País, além da França, a marca atua na Argentina, Austrália, Bolívia, Espanha, EUA, Paraguai, Uruguai e Portugal. O empresário não revela o faturamento da rede.
Cidade Luz: fachada da primeira loja em Paris. Novo ponto de venda está planejado para março
No ano passado, as vendas somaram 1,5 milhão de peças, entre sapatos, bolsas e carteiras. É um bom número, considerando o negócio de calçados femininos cujo preço médio é de R$ 200, no varejo, afirma Marconi Leonel Matias dos Santos, diretor da Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados.
Embora o mercado interno responda por 85% do faturamento da Carmen Steffens, a empresa aposta no Exterior para sustentar seu crescimento. No Brasil somos bem conhecidos, mas o poder de compra é menor, afirma Gabriel, filho de Mario e diretor das operações internacionais da marca. Lá fora se adquire muito mais sapatos de grife, diz ele. Nesse contexto, Paris deverá funcionar como uma espécie de centro das operações globais.