31/10/2013 - 23:59
O anúncio da compra de 72% do BicBanco pelo China Construction Bank (CCB), por R$ 1,6 bilhão, animou os investidores. As ações ordinárias da instituição controlada pela família Bezerra de Menezes subiam 19,24%, enquanto as preferenciais avançavam 6,80% às 14h. No mesmo horário, Ibovespa registrava queda de 0,74%. Os 28% restantes do capital deverão ser adquiridos de minoritários.
A estreia do segundo maior banco da China no mercado brasileiro acontece mais de um ano depois da sua primeira tentativa em atuar diretamente no Brasil. Em junho de 2012, o CCB disputou até o último minuto a aquisição do banco WestlB com o japonês Mizuho. Quem definiu a queda de braço foi o Banco Central brasileiro.
Desta vez, o CCB não enfrenta concorrência, mas ainda depende da aprovação da autoridade monetária para de fato começar a operar no País. ?O mar não está para peixe a não ser que você seja dono do oceano?, comenta um especialista a par do negócio, sobre a falta de concorrência nessa operação.
Ele se refere aos números do CCB. Com mais de 60 anos no mercado, o banco tem valor de mercado de mais de US$ 180 bilhões, o que o coloca entre as cinco maiores instituições financeiras do mundo. Detém cerca de US$ 20,4 bilhões em ativos e uma carteira de crédito de US$ 13,7 bilhões, segundo balanço do segundo trimestre.
De acordo com Jianguo Zhang, presidente do CCB, a transação é estratégica já que é a primeira operação na América Latina. Atualmente, o banco atua em 14 países, como Alemanha, África do Sul, Estados Unidos e Austrália. ?A China se tornou o maior parceiro do Brasil em 2012 e o comércio bilateral atingiu US$ 86 bilhões; queremos construir ponte para promover relacionamento ainda mais estreito?, disse em relatório publicado hoje.
Para isso, conta com as possíveis sinergias com o BicBanco, especializado na concessão de crédito corporativo para empresas de médio porte. Essa carteira correspondeu a 92,5% das operações de crédito do banco, que atingiu R$ 13,6 bilhões, no segundo trimestre.
?Não acho, no entanto, que, em um primeiro momento, o CCB queira disputar mercado com os grandes bancos brasileiros, como Bradesco. Talvez, mais para frente?, diz o especialista.