27/04/2001 - 7:00
Quando comprou a rede de supermercados Eldorado em dezembro de 1997, por cerca de R$ 200 milhões, o Carrefour colocou no contrato uma cláusula que impedia o vendedor de montar supermercados em São Paulo até outubro deste ano. Os franceses só esqueceram de um detalhe: a família Veríssimo já era dona da Casas Rio Branco, pequena loja criada há 20 anos na cidade de Presidente Prudente (SP). Pois é com essa marca que os ex-donos do Eldorado pretendem retomar a força no varejo. ?As Casas Rio Branco são anteriores à venda e, portanto, estão fora do acordo?, diz Luís Veríssimo, diretor da divisão de supermercados e um dos cinco filhos de João Alves Veríssimo, fundador da empresa. O Carrefour não comenta o assunto. Hoje, o Grupo Veríssimo tem quatro lojas Rio Branco em cidades do interior de São Paulo, além de um supermercado Eldorado em Maringá (PR) ? a marca Eldorado continuou com a família após a venda para o Carrefour. As cinco unidades rendem, hoje, R$ 75 milhões ao ano. ?Em quatro anos, a intenção é ter nove supermercados no Brasil, cada um com área de 2,5 mil metros quadrados?, afirma Luís. A capital paulista, é claro, não ficará de fora do roteiro das Casas Rio Branco.
A família poderia utilizar a marca Eldorado em seus novos empreendimentos. Afinal, a empresa ainda mantém um grande shopping center em São Paulo com a antiga grife e poderia aproveitar este apelo junto ao consumidor paulistano. ?Optamos pela Rio Branco por uma questão de economia?, explica Luís. ?Dessa forma não teremos que desenvolver novas embalagens ou material promocional?. O empresário pensa, ainda, em montar um novo shopping no prédio da rua Pamplona, na região dos Jardins, em São Paulo.
Um dos irmãos de Luís, João Carlos Veríssimo, que já se desligou do grupo, também tentou uma incursão no varejo no ano passado. Foi um desastre. No mercado, o que se comenta é que João teria pego uma carta de crédito do JP Morgan Partners no valor de US$ 100 milhões. Do total, usou cerca de US$ 24 milhões na compra da rede Gentil Moreira, que foi transformada nos Supermercados Bandeirantes e faliu no ano passado. Fontes do setor dizem que o banco deixou João falando sozinho e não pagou o prometido. Outras dizem que foi João quem não cumpriu corretamente o acordo. O JP se recusa a falar sobre o episódio. João estaria devendo US$ 50 milhões. ?Foi uma aposta dele, que até montou duas lojas em Presidente Prudente e vivia nos incomodando. Nós não tivemos participação?, garante Luís. Quem não se desgarrou do grupo, no entanto, continua se dando bem. Além dos shoppings e dos supermercados, o grupo administra a empresa de conservas Vega em Pelotas, no Rio Grande do Sul, e o moinho de trigo em Santos, que está expandindo suas atividades. O clã está de volta.