23/12/2011 - 21:00
Papéis avulsos
As empresas de logística América Latina Logística (ALL) e Triunfo, em parceria com a mineradora Vetorial, criaram uma empresa integrada para extrair e transportar minério por meio das ferrovias. O investimento será de R$ 7,6 bilhões, que serão obtidos no mercado financeiro sem recursos próprios dos acionistas. O mercado recebeu positivamente a notícia. Segundo Sami Karlik, analista da Fator Corretora, a ALL vai quadruplicar sua capacidade do corredor Corumbá (MS) – Santos (SP) sem ter de investir recursos próprios. No caso da Triunfo, Karlik afirma que a associação com a ALL é uma boa solução para permitir o início das atividades da empresa no Porto de Santos. A Fator recomenda comprar as ações da ALL e manter os papeis da Triunfo, com preços-alvo de R$ 13,50 e R$ 13, respectivamente, para dezembro de 2012. Já a corretora Planner recomenda comprar ambas as ações e considera a negociação positiva. No entanto, a corretora ressalta que “os níveis de endividamento da ALL e da Triunfo podem ser afetados, dependendo de como for determinada a composição dessa nova empresa nos seus resultados”.
Touro x Urso
Os últimos pregões do ano não tem apresentado uma tendência definida. Tanto touros quanto ursos estão contando os dias para o fim do complicado ano de 2011 e torcem para que a virada do calendário seja uma boa justificativa para a mudança de humor. Motivos não faltam: apesar de a situação na Europa não estar resolvida e a economia brasileira ter desacelerado, a situação das empresas é positiva. Os preços estão baixos, mas os resultados são melhores, o que pode abrir a possibilidade de uma recuperação das cotações.
Medicina diagnóstica
Fleury lança o a+ para clientes B e C
O grupo Fleury decidiu extinguir a marca Campana e rebatizar seus laboratórios como a+ Medicina Diagnóstica. A nova marca havia sido criada pelo Fleury em abril e, até então, reunia 14 pequenos laboratórios adquiridos pelo grupo nos últimos nove anos. Com a transformação do Campana em a+, a bandeira fica com 21 centros de diagnóstico, focados nas classes B e C. O Fleury também anunciou, na segunda-feira 19, que assumiu os laboratórios das três unidades do Hospital São Luiz.
Educação financeira
O jornalista Michael Lewis decidiu examinar de perto a crise econômica dos países europeus. Visitou vários deles e descobriu que as bolhas do crédito foram definidas pelas características culturais de cada povo. O resultado pode ser conhecido em Bumerangue – uma viagem pela economia do novo Terceiro Mundo. Editora Sextante. R$ 24,90
Quem vem lá
Magazine Luiza alonga a dívida
A Magazine Luiza aprovou sua primeira emissão de debêntures, no valor total de R$ 200 milhões. Os recursos captados vão reforçar o capital de giro da rede varejista e alongar seu endividamento. Serão emitidas, em série única, 200 debêntures com valor unitário de R$ 1 milhão e vencimento em 26 de junho de 2014. A partir da data de emissão, marcada para 26 de dezembro, as debêntures renderão juros remuneratórios correspondentes a 113% dos juros de mercado (CDI).
Fique de Olho: A companhia encerrou o terceiro trimestre com endividamento líquido de R$ 385,1 milhões, o equivalente a 100% do Ebitda. A captação vai permitir a reestruturação das lojas do Baú e das Lojas Maia, adquiridas recentemente.
Destaque no pregão
Eletrobras corre atrás do vento
O consórcio formado por Eletrobras e Alupar Investimentos vai construir dez parques de geração eólica em Aracati, no Ceará, o que representa um investimento de R$ 800 milhões. Na terça-feira 20, o consórcio vendeu 204 megawatts (MW) de energia eólica para entrega a partir de janeiro de 2016, em leilão promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica. O preço foi R$ 110 por MWh, um desconto de cerca de 5% sobre a proposta inicial.
Palavra de analista: Thomas Chang, da UM Investimentos, diz que o desconto não é um problema, pois a média foi de 8,77%. Já o Banco Fator destaca que a companhia vai gerar menos caixa por causa da renovação das concessões em usinas.
Mercado em números
Multiplan
R$ 231 milhões - Foi o valor pago pela administradora de shoppings Multiplan por um terreno de 36 mil metros quadrados na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Gafisa
R$ 230 milhões - Será quanto a construtura Gafisa vai procurar captar em janeiro por meio da emissão de notas promissórias. Os recursos serão usados para obter capital de giro.
Renner
R$ 19,8 milhões – É quanto a rede de lojas vai pagar aos acionistas sob a forma de juros sobre capital próprio. O valor bruto por ação é de R$ 0,16.
Itaúsa
R$ 0,14 - Por ação será o valor pago pela Itaúsa aos acionistas por conta dos dividendos de 2011. O valor será pago em 29 de junho de 2012.
Comgás
40,34% - Foi o percentual das ações preferenciais da Comgás que foram adquiridas pelo fundo de investimento brasileiro Poland. Com isso, o fundo chegou a 9,5% do capital da empresa de gás.
Pelo mundo
Toyota prevê produzir menos carros em 2012
O grupo japonês Toyota prevê produzir 8,65 milhões de unidades em 2012 por meio de suas duas marcas, Toyota e Lexus. A previsão no início do ano era de 8,9 milhões de unidades, mas foi reduzida por causa da crise global. Na segunda-feira 19, dia do anúncio, as ações caíram 2,5%.
HSBC vende private Japonês
O Credit Suisse comprou o private bank do HSBC no Japão, com US$ 2,7 bilhões em ativos. Na quarta-feira 21, dia do anúncio, as ações do HSBC subiram 0,43% e as do Credit Suisse, 1,11%.
Repsol faz associação com petroleira russa
A companhia espanhola de petróleo e gás Repsol e a Alliance Oil Company, que atua na Rússia e no Cazaquistão, anunciaram, na terça-feira 20, a criação de uma joint venture com ativos totais de US$ 840 milhões. A Alliance terá 51% das ações. No dia do anúncio as ações da Repsol subiram 2,48%.
Personagem
O agito americano
O mercado de renda fixa, especialmente a dívida privada, ainda é uma realidade muito distante dos investidores brasileiros. A Cetip, empresa que intermedeia as negociações desses títulos entre os bancos, quer mudar essa situação. Para isso, ela vai implantar um sistema americano de negociação no segundo semestre de 2012, disse à DINHEIRO Francisco Carlos Gomes, diretor de relações com investidores da Cetip.
Francisco Carlos Gomes: diretor de RI da Cetip – esperança com o crédito imobiliário
Como o sr. avalia as emissões de renda fixa no Brasil?
O volume é muito pequeno. A inflação e a instabilidade financeira impediram o desenvolvimento do crédito. Hoje, a relação entre crédito e Produto Interno Bruto é de 48%, quando poderia ser de 100%. A tendência é crescer. Antigamente, as empresas que emitissem dívida poderiam quebrar, por isso todos preferiam usar recursos próprios. Hoje não é mais assim.
A Cetip tem um projeto para se popularizar tanto quanto a Bovespa?
Sim, mas é um projeto de longo prazo. Nosso principal ativo são títulos de renda fixa, que tradicionalmente são menos negociados do que as ações. Por isso, precisamos criar um mercado mais ativo. O aumento das atividades e a maior liquidez atraem o investidor individual e tornam nossas operações mais populares.
Esses títulos não são caros para o pequeno investidor?
Sim, por isso temos de melhorar a liquidez, pois isso reduz os custos das operações. Um avanço necessário é padronizar os títulos para facilitar a negociação.
Como criar isso e aquecer o mercado secundário?
Ambos os mercados, o primário e o secundário, caminham juntos. As entidades do setor, o governo e nós da Cetip vamos lançar uma plataforma de negociação americana no segundo semestre de 2012. Vamos aproveitar o crescimento do crédito, especialmente o imobiliário, para crescer.
A Cetip pretende negociar ações?
Não. Estamos identificados com ativos de renda fixa há 25 anos e somos claramente um mercado de derivativos de balcão. Não faz sentido desviar o foco e alocarmos recursos para investir em uma bolsa para negociar ações.
Colaborarm Fernanda Pressinott e Fernando Teixeira