12/08/2009 - 7:00
Do carro para a empresa: pouco após se aposentar da F-1, Piquet trocou os cockpits, como os da Williams nº 6 com a qual venceu o campeonato de 1987, por computadores e escritórios na Autotrac
Em julho, a BMW anunciou que este será seu último ano na F-1. Assim como aconteceu com a Honda, no final de 2008, o comunicado deu início a especulações sobre o destino da equipe e os eventuais interessados em adquirir seu espólio. Em meio a esse burburinho, surgiu o nome de Nelson Piquet. O ex-piloto e tricampeão da categoria estaria interessado em comprar o que restou da BMW, garantindo assim uma vaga na F-1 para seu filho, Nelson Ângelo Piquet. Contatada na Alemanha pela DINHEIRO, a BMW não confirmou nem negou que Piquet teria comprado a equipe. Caso feche o negócio, Piquet estaria de volta às pistas oficialmente, mas desta vez como empresário, profissão que abraçou após largar a categoria, no início dos anos 1990.
Assim como na F-1, Piquet teve uma trajetória invejável como empresário. Pouco após a aposentadoria como piloto profissional, ele deu seus primeiros passos à frente de uma companhia. Após longas negociações com a Embratel, conseguiu alugar parte do sinal da rede de satélites da companhia para viabilizar a Autotrac, sua primeira empresa. Com um investimento de poucos milhões saídos totalmente de seu bolso, Piquet inaugurou o primeiro serviço de rastreamento via satélite de veículos, especialmente caminhões de grandes frotas. Hoje, a empresa domina praticamente 70% do mercado de rastreamento de veículos de carga no País. Os bons resultados iniciais da Autotrac foram um estímulo para que Piquet acelerasse o ritmo de seus investimentos. Poucos anos depois, abriu uma rede de revenda de pneus em Brasília e uma concessionária de carros no Rio de Janeiro.
Curiosamente, era uma revenda de veículos BMW, empresa que havia fornecido o motor para o Brabham que o Piquet-piloto usou para se sagrar bicampeão de F-1 em 1983 – e cuja equipe na categoria agora está sob a mira do Piquet-empresário.
Fora do cockpit dos carros de corrida, Piquet percebeu que a carreira como empresário é tão desafiadora quanto a de piloto. É verdade que ele não corre o risco físico de dirigir carros a mais de 300 km/h, mas hoje se uma de suas empresas bater no muro, não apenas ele, mas centenas de empregados sofrerão as consequências. Mais do que isso, o fracasso de uma empresa pode dar prejuízo e afetar seu próprio bolso, em vez de engordá-lo. Um piloto, por sua vez, apenas fica sem salário ao parar de correr. Uma forma que encontrou para reduzir as chances de acidentes de percurso foi diversificar suas operações. Embora a maioria dos seus investimentos ainda seja em atividades de alguma forma relacionadas a transporte e veículos, Piquet também lutou por uma posição em mercados bem diferentes, como o de segurança e blindagem, educação a distância e seguros.
Da empresa para o carro: estabelecido como empresário, o ex-piloto criou uma categoria, a Espron, para fomentar o esporte, e se distrair do dia a dia corporativo
R$ 400 milhões foi o faturamento aproximado da Autotrac, principal empresa de Piquet, em 2008
Hoje, a Autotrac continua sendo o carro-chefe das empresas de Piquet. Em 2004, ao completar dez anos de operação, a companhia também ultrapassou a marca de R$ 300 milhões em faturamento anual. Atualmente, esse número está próximo dos R$ 400 milhões, com mais de 100 mil aparelhos vendidos e instalados em veículos de todo o País. Das outras empresas, apenas a Eschola.com, de educação pela internet, e a Piquet Blindagens ainda são do ex-piloto. Ele vendeu sua participação em todas as outras com bons ganhos, mas permitiu que continuassem a ostentar seu nome, como no caso da Piquet Pneus. Agora, restam apenas duas dúvidas. Uma é se ele realmente vai comprar o que resta da BMW na F-1 para garantir a vaga do filho Nelsinho na categoria. Outra é se ele ainda tem combustível suficiente para transformar a equipe em um negócio de sucesso como fez com suas outras empresas.