Considerado o pai da industrialização brasileira, Getúlio Vargas, duas vezes presidente da República nas décadas de 30 e de 50, é evocado sempre que planos industriais ambiciosos entram em cena. Com ele, as primeiras sementes industriais brasileiras foram plantadas nos setores de siderurgia – que seria a base para o nascimento de outras atividades industriais –, papel e celulose e petróleo e gás. Foi sob seu governo que nasceu, por exemplo, a Petrobras, em 1953. “Getúlio criou as bases da indústria, que depois garantiria a Juscelino Kubitschek trazer grandes empresas, como as montadoras de veículos”, diz o economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Mansueto Almeida. “Graças a Getúlio, a indústria brasileira tem hoje um significativo grau de diversificação.”

O segundo grande plano industrial da história recente da economia brasileira nasceu com o mineiro Juscelino Kubitschek. Ele estabelece um plano de metas – conhecido como cinquenta anos de cinco – e dedicou mais de dois terços de seus recursos para os setores de energia e transporte, além de aumentar a produção de petróleo, expandir a geração de energia elétrica e ampliar a malha rodoviária. Em seu governo, colaboraram para a industrialização capitais estrangeiros, atraídos por incentivos cambiais. “A diversificação industrial se consolidou naquele momento”, garante o economista. Nos anos 60 e 70, os planos econômicos dos governos militares levaram o País a experimentar aquilo quer ficou conhecido como “milagre econômico”. “O plano industrial dos militares para o Brasil era bem estruturado com metas, como a criação de estatais, como a Embraer e Telebras, em meio a uma ditadura”, diz Nicola Tingas, economista chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi). 

 

127.jpg

 

 

“Depois disso, durante mais de três décadas os planos careceram de metas de longo prazo, e por isso fracassaram.”Esses planos malsucedidos ajudaram a escrever capítulos de um ciclo econômico cheio de tropeços: hiperinflação, moratória, confisco de poupança e processo de desindustrialização. O ex-presidente Fernando Collor de Mello, se apropriou de doutrinas getulistas para justificar a abertura do mercado brasileiro à importação no início dos anos 90. Mas entre 1990 e 1995, o PIB industrial encolheu quase 60%, massacrado pela ausência de crédito e invasão de produtos importados. 

 

Anos depois, Fernando Henrique Cardoso, na tentativa de atrair capital estrangeiro e reduzir a defasagem tecnológica do País em relação às grandes economias em um mundo em crescimento, deu início a um processo de privatização das estatais brasileiras – como a venda da Telebras e da Vale do Rio Doce. A partir de 2003, Luiz Inácio Lula da Silva, ao elaborar dois programas industriais – a Política Industrial Tecnológica de Comercio Exterior (Pitce), em 2003, e a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), em 2008 –, afirmou que ambos trariam benefícios por décadas, mas os resultados não perduraram como a ideia inicial supunha.