29/08/2022 - 13:38
O debate na noite de domingo (28) foi a largada dos enfrentamentos entre os presidenciáveis. Organizado por um pool de veículos de comunicação (Band, TV Cultura, o UOL e Folha de São Paulo), teve mais de 2 milhões de visualizações nos streamings e média de 13,3 pontos de audiência na Band, que ficou à frente da Globo no horário. Os candidatos falaram pouco de economia. O que se reflete, até o início da tarde desta segunda-feira, em comportamento neutro do mercado financeiro. Três pontos resumem a percepção de investidores e analistas.
Falar de economia não dá voto
Havia uma expectativa de que o tema central na campanha deste ano seria a economia, mas ele ficou à margem nesse primeiro debate entre os líderes das pesquisas de intenção de voto. Tratado de forma leviana em alguns momentos, deixou a impressão de que os assessores orientaram seus candidatos a fugir do assunto. O atual presidente Jair Bolsonaro fez uma correlação sem comprovação matemática ao dizer que “sobra dinheiro em seu governo porque acabou a roubalheira”. Típica frase de efeito para jogar com apoiadores, a sentença é tão superficial quanto impossível de ser comprovada. Lula também apelou muito para a memória afetiva de seus governos, mas perdeu oportunidades importantes de apresentar mais que lembranças. Deixou escapar propostas claras e caminhos para que se obtenha resultados mais pujantes na economia. Nem empolgou e nem assustou o mercado.
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Ciro, o Dom Quixote
Em uma análise bem humorada, um grupo de analistas e corretores de investimento comparou o candidato pedetista ao icônico personagem de Miguel de Cervantes. No caso de Ciro, o moinho é sua própria percepção sobre modelo econômico. Talvez o mais preparado dos candidatos para avaliar e propor mudanças no traço econômico do Brasil, Ciro acaba perdendo pontos com o eleitorado por falar sobre combater uma estrutura econômica que está posta há décadas e que tanto os eleitores quanto o mercado têm dificuldades de entender como se daria. Em um determinado momento, Gomes chegou a dizer que sua luta não era contra os adversários, mas contra um modelo econômico. Bom na teoria, mas a menos que um dia ele concorra ao mais alto cargo do Executivo contra um modelo, e não contra outras pessoas, fica difícil ele se tornar um competidor realmente com chances de brigar pelo topo das pesquisas.
O fator Simone
A avaliação de agentes do mercado em relação à candidata do MDB reforça a percepção dos entrevistados pelo Datafolha. Segundo a pesquisa, a senadora recebeu a melhor avaliação nos três blocos do debate, com 43% de aprovação. Na sequência aparece Ciro Gomes (PDT), com 23%. Dividindo a terceira posição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) somaram 10%. Entre investidores, a percepção compartilhada em relatórios nesta manhã de segunda-feira (29) foi de que o desempenho dela surpreendeu positivamente, em especial por ter ao seu lado um time de economistas liberais que também trazem segurança para a pauta econômica. A impressão geral, porém, é que ela foi subestimada pelo próprio partido e isso encolheu sua capacidade de angariar votos.