Dois dos três candidatos que disputam uma das vagas no segundo turno das eleições municipais em São Paulo – segundo as mais recentes pesquisas de intenção de voto -, Guilherme Boulos (PSOL) e Márcio França (PSB), protagonizaram alguns dos poucos momentos de críticas mútuas no debate realizado ontem pela revista Veja.

O prefeito e candidato à reeleição Bruno Covas (PSDB) se isolou na liderança na disputa, com 28% das intenções de voto, enquanto Boulos e França têm 14% e 13%, respectivamente, de acordo com a pesquisa Datafolha divulgada anteontem. Celso Russomanno (Republicanos), que tem 16%, mas em trajetória decrescente nas pesquisas, não compareceu ao debate, alegando conflito de agenda. No mesmo horário, ele foi sabatinado pelo jornal Folha de S.Paulo.

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Nas duas vezes em que escolheu para qual candidato iria direcionar a sua pergunta, Boulos selecionou França. Entre as farpas trocadas, o ex-governador chegou a mencionar uma controvérsia envolvendo o currículo do adversário do PSOL.

“Vi aí no teu currículo a história de que você declarou que estava dando aula em uma escola em que não estava, negócio meio torto. Pensei assim: ‘Será que o (Jair) Bolsonaro leva ele para ser ministro?’ Porque o Bolsonaro tem mania de pegar uns caras que fazem uns currículos meio tortos”, disse.

Boulos acusou o adversário de fazer fake news. “Sou professor, dou aulas e tenho vínculo”, afirmou. O candidato havia incluído em seu currículo Lattes uma atuação profissional na USP desde 2014, mas não havia especificado o vínculo e enquadramento funcional. Em agosto, a assessoria do candidato disse que Boulos foi bolsista da Capes de 2014 a 2016 e concluiu mestrado em Psiquiatria na Faculdade de Medicina da USP.

O campo que ele havia preenchido não era destinado a bolsas estudantis, apenas a vínculos profissionais. Por causa da confusão, circulou a notícia falsa segundo a qual Boulos seria funcionário fantasma da universidade, o que foi desmentido pelas agências de checagem.

Também estavam presentes no debate Arthur do Val (Patriota), Jilmar Tatto (PT) e Joice Hasselmann (PSL). O prefeito, que está isolado na liderança das pesquisas, foi alvo de todos os presentes. Os demais postulantes à Prefeitura fizeram dobradinhas entre si – quando tanto quem pergunta quanto quem responde se alinham para criticar uma terceira pessoa ou elogiar um projeto.

Temas

Boulos e Arthur discutiram sobre a situação de imóveis abandonados no centro de São Paulo. Para o candidato do Patriota, o problema é o excesso de tombamentos. Ele propôs “flexibilizar leis de tombamento para dar uso e vida para o local”. O candidato do PSOL falou em transformar esses imóveis em moradia popular. “Muitos imóveis abandonados devem mais imposto do que o valor dele próprio”, disse.

A situação da população em vulnerabilidade social foi debatida por Covas, França e Joice. O ex-governador criticou o prefeito ao afirmar que o dinheiro de obras como a fonte do Anhangabaú e de reformas em calçadas poderia ser usado para dar oportunidades a pessoas que estão nas ruas, e disse que em sua gestão a Prefeitura ofereceria pousadas e hotéis. “Justiça social não se faz com utopia”, respondeu Covas.

Joice criticou a gestão municipal de educação durante a pandemia. “A prefeitura tem que dar conta de levar a educação para a casa da criança se necessário”. Covas afirmou que reverteu a tendência de queda do município no Ideb e prometeu investir em turno nas escolas e contraturno em casa “com tablets com internet”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.