26/06/2002 - 7:00
A Deca, maior fabricante nacional de metais sanitários e dona da famosa válvula Hydra, começou o ano com um problema: como fechar as torneiras das operações na Argentina sem comprometer o crescimento da empresa. Missão espinhosa. As duas fábricas instaladas no lado de lá do Rio da Prata consumiram US$ 30 milhões nos últimos anos. Com a crise, a produção da filial despencou 80%. Dos 270 funcionários, restam 60. A direção da Deca não descarta passar o negócio adiante ou mesmo fechá-lo de vez. Para compensar o revés argentino, ela decidiu retomar as exportações para os Estados Unidos, interrompidas desde 1984. ?O mercado americano é 15 vezes maior do que o brasileiro. Da primeira vez, não estávamos preparados. Voltaremos com força total?, afirma Airton Guardia, diretor comercial da empresa. Em 2001, sua equipe fez dez viagens aos Estados Unidos. E voltou com uma certeza: é imprescindível ter um parceiro local. ?Como as vendas lá se concentram nos grandes varejistas, o giro de mercadorias é muito rápido. Precisamos de alguém para cuidar da armazenagem e da distribuição?, diz Guardia.
Fundada em 1947 num galpão de 200 m2, a Deca foi a primeira iniciativa empresarial do banqueiro Olavo Setubal, hoje dono do Itaú, mas na época apenas um engenheiro recém-formado querendo montar seu próprio negócio. Setubal criou a Deca em sociedade com um amigo de faculdade para fabricar fechaduras, torneiras e pequenos artefatos de bronze. Agora, para abastecer novamente os banheiros dos Estados Unidos, a empresa está investindo US$ 20 milhões e ampliando em 10% a sua capacidade de produção ? que hoje é de 1,5 milhão de peças por mês. Em 2001, a Duratex, unidade da holding Itaúsa e controladora da Deca, levantou US$ 100 milhões com a oferta de ações. Líder do setor metais sanitários, 38% das vendas, é também a segunda no segmento de louças para banheiro (17%). As receitas em 2002 devem ser de R$ 400 milhões ? num universo de R$ 1,2 bilhão ao ano.