A geração Z, também conhecida como ‘Gen Zers’, ‘pós-millennials’ ou ‘iGen’, é composta por indivíduos nascidos entre 1995/1997 e 2010/2012. Esses jovens cresceram em um mundo digitalmente conectado, onde a tecnologia desempenha um papel central em suas vidas. A geração Z é caracterizada por sua familiaridade com a internet, sua capacidade multitarefa e seu desejo de autenticidade e propósito no trabalho.

A tecnologia tem um impacto significativo na forma como os ‘Gen Zers’ se relacionam com o trabalho. Esses jovens estão acostumados a um fluxo constante de informações, a interações rápidas e a uma cultura de compartilhamento instantâneo. Eles buscam trabalhos flexíveis, oportunidades de aprendizado contínuo e um ambiente que valorize a colaboração e a diversidade.

A Geração Z, marcada por uma consciência aguda de questões sociais e ambientais, um anseio por autenticidade e individualidade e uma valorização do equilíbrio entre vida profissional e pessoal, traz uma nova dinâmica para o ambiente de trabalho.

A literatura contemporânea ainda não explorou em profundidade as complexas interações e as estratégias utilizadas para enfrentar o estresse, a pressão e as emoções negativas que esta população experimenta no local de trabalho. Para revelar essas dimensões, é preciso adotar uma nova abordagem analítica, mais penetrante e esclarecedora, que leve em consideração os elementos humanos, sociais, emocionais e inconscientes.

É fundamental lembrar que devemos evitar simplificações e generalizações apressadas, pois cada pessoa tem suas peculiaridades que merecem uma avaliação cuidadosa e respeitosa dentro do seu próprio contexto.

Os membros da geração ‘iGen’ no ambiente de trabalho podem estar excessivamente centrados em si mesmos, o que pode representar desafios na formação de relacionamentos profissionais profundos e duradouros. A busca por gratificações imediatas e superficiais pode indicar dificuldades em lidar com a realidade organizacional e administrar frustrações. A relutância em assumir compromissos de longo prazo no ambiente de trabalho pode ser um sinal de vários problemas. Pode indicar uma falta de confiança nas habilidades ou na capacidade de assumir responsabilidades. Alternativamente, pode ser um sinal de que o funcionário não está satisfeito com o seu papel atual e está hesitante em se comprometer com ele a longo prazo. Esta relutância também pode dificultar a formação de relações de trabalho sólidas e duradouras, que são essenciais para o sucesso de qualquer equipe.

No ambiente de trabalho, os ‘Gen Zers’ podem demonstrar uma dependência excessiva de tecnologia, tal situação pode se manifestar de várias maneiras. Alguns funcionários podem usar a tecnologia como uma forma de evitar interações pessoais diretas, o que pode levar ao isolamento. Outros podem usar a tecnologia como uma distração para evitar lidar com questões estressantes no trabalho. Embora a tecnologia seja uma ferramenta essencial na maioria dos locais de trabalho modernos, seu uso deve ser equilibrado com a necessidade de interações sociais saudáveis e produtivas.

Outra tendência emergente é a incessante procura por novas experiências, que pode sinalizar uma ansiedade subjacente e o temor de perder oportunidades. Oscilações bruscas de interesses podem ser reflexo de uma base emocional instável estabelecida na infância. Um acentuado egocentrismo pode sugerir um déficit de empatia e compreensão, possivelmente moldado por relações passadas. A reclusão nas mídias sociais pode ser um esforço para preencher um vazio gerado por conexões profissionais precárias.

Sinais de superficialidade nas interações profissionais, ansiedade, depressão, bullying e isolamento através da tecnologia podem indicar desafios enfrentados pelos jovens da Geração Z para estabelecer relações de trabalho significativas e uma conexão mais profunda com seus próprios sentimentos. A incessante busca por aprovação nas redes sociais pode revelar uma necessidade de validação externa, possivelmente para preencher um sentimento de vazio interno.

Entender as estratégias que essa geração utiliza – consciente ou inconscientemente – para lidar com situações difíceis e manter a autoconfiança é essencial. Isso serve como um indicador de como eles superam obstáculos e administram emoções negativas no ambiente de trabalho, lançando luz sobre as dinâmicas psicossociais que moldam o moderno ambiente profissional.

Uma estratégia comum usada pelos jovens da ‘iGen’ é o que chamamos de ‘evitar problemas’. Eles tendem a desviar o olhar dos problemas e dificuldades, preferindo concentrar-se no lado bom das coisas. Isso pode ser uma maneira de se protegerem, evitando sentimentos de fracasso ou de não estarem à altura. No trabalho, isso pode aparecer como uma recusa em reconhecer problemas ou dificuldades, mantendo uma atitude excessivamente positiva.

Outro método que essa geração frequentemente utiliza para lidar com situações difíceis é o que poderíamos chamar de ‘colocar a culpa nos outros’. Isso acontece quando eles atribuem sentimentos, pensamentos ou comportamentos que não gostam em si mesmos a outras pessoas. No trabalho, eles podem jogar suas próprias inseguranças e fraquezas nos colegas, nos líderes ou na empresa como um todo.

Os ‘Gen Zers’ também são conhecidos por ‘justificar’ suas ações. Eles procuram explicar seus comportamentos ou pensamentos de uma maneira que faça sentido, mesmo que essas ações ou pensamentos possam ser irracionais ou baseados em emoções. No trabalho, isso pode aparecer como desculpas ou justificativas para comportamentos impróprios ou decisões questionáveis.

Outra estratégia comum usada pela Geração Z é a ‘regressão’. Isso acontece quando, diante de situações estressantes, eles voltam a comportamentos mais infantis ou imaturos. No trabalho, isso pode se manifestar como comportamentos impulsivos, falta de responsabilidade ou desejo de gratificação imediata.

As empresas estão diante de uma necessidade imperativa de integrar aspectos humanos, sociais, ambientais, emocionais e inconscientes em seus modelos de gestão. A Geração Z está pronta para deixar sua marca no mundo do trabalho, trazendo consigo uma mentalidade única, habilidades excepcionais e uma paixão por fazer a diferença. Agora é hora de abraçar o futuro e explorar todas as possibilidades e oportunidades dessa geração extraordinária.

* Joaquim Santini é consultor e pesquisador internacional. Diretor da Exo Consultoria