Prados submarinos de ervas marinhas oferecem proteção importante contra a poluição para os seres humanos e para os recifes de corais, mas estão em perigo em todo o mundo devido às mudanças climáticas, ao esgoto e ao escoamento da produção agrícola, disseram pesquisadores nesta quinta-feira.

Locais com ervas marinhas saudáveis – onde esponjas, moluscos, peixes pequenos e outros filtradores prosperam – podem reduzir as bactérias prejudiciais para os humanos e a vida marinha em até 50%, segundo um estudo publicado na revista Science.

Corais localizados perto de prados de ervas marinhas mostraram cerca de metade das doenças daqueles que vivem mais longe desses ecossistemas protetores, segundo o estudo, apresentado em Boston na reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência.

“A erva marinha parece combater as bactérias, e esta é a primeira pesquisa a avaliar se esse ecossistema costeiro pode reduzir as doenças associadas com organismos marinhos”, disse o autor principal do estudo, Joleah Lamb, da Universidade de Cornell.

A ideia para o estudo surgiu quando o autor sênior Drew Harvell, professor de ecologia e biologia evolutiva na Universidade de Cornell, estava liderando um seminário internacional para examinar a saúde dos corais subaquáticos no arquipélago de Spermonde, na Indonésia.

Em poucos dias, toda a equipe de pesquisa ficou doente, com disenteria, e um cientista contraiu febre tifoide.

“Eu experimentei pessoalmente como as ameaças à saúde humana e à saúde dos corais estavam ligadas”, disse Harvell a jornalistas na conferência.

“Ocorreu-me que se pudéssemos mostrar que os seres humanos, assim como os corais, estão em risco pela poluição de águas residuais, e mostrar o papel dos ecossistemas de ervas marinhas na limpeza, isso ajudaria a criar incentivos para preservar esses valiosos ecossistemas”, acrescentou.

Assim, os pesquisadores voltaram para testar as águas na mesma área, uma região onde a água doce é escassa e os resíduos sólidos, o esgoto e a poluição de águas residuais são excessivos ao longo das costas, porque os habitantes não têm sistemas sépticos.

Pesquisadores descobriram que a presença da bactéria Enterococcus, um padrão para avaliar o risco para a saúde, excedia os níveis de exposição recomendados em 10 vezes, disse o estudo.

Na água coletada perto de prados de ervas marinhas, os pesquisadores descobriram que havia três vezes menos Enterococcus.

Além disso, pesquisas de campo com 8.000 corais perto de prados de ervas marinhas mostraram duas vezes menos doenças em comparação com corais distantes de ervas marinhas, disse o estudo.

Globalmente, os prados de ervas marinhas estão declinando cerca de 7% a cada ano desde 1990, disseram os pesquisadores.

Lamb disse que a única maneira de proteger esses prados submarinos vitais é reduzir as ameaças humanas que os levam a morrer, incluindo o aquecimento global, a poluição, o esgoto e o desenvolvimento.