12/06/2025 - 17:06
O painel “Deep Tech e os impactos no setor financeiro”, apresentado durante o FEBRABAN Tech, reuniu grandes nomes da inovação bancária e tecnológica do país. Com mediação de João Borges, diretor de Comunicação da FEBRABAN, o debate apresentou visões contundentes sobre como tecnologias como inteligência artificial, computação quântica e blockchain estão redesenhando o sistema financeiro nacional.
Entre os participantes estavam Fabio Napoli (Itaú Unibanco), Renata Petrovic (Bradesco), Ricardo Contrucci (Santander Brasil), Thais Franco (Quasar Space) e Tito Gusmão (Warren). Cada um trouxe ao palco não só cases concretos, mas também reflexões estratégicas sobre o papel da tecnologia em transformar a experiência do cliente, a eficiência operacional e a tomada de decisões no setor.
Infraestrutura de inovação e IA generativa no Itaú
Para Fabio Napoli, diretor de TI do Itaú Unibanco, a nuvem tem sido um pilar estruturante no avanço da inovação. Ele destacou o projeto “Assessor de Investimentos” como uma das principais frentes de desenvolvimento atual.
“A inovação começa onde termina o processo tradicional. Temos investido em infraestrutura de cloud como forma de escalar eficiência e ampliar o acesso dos clientes aos nossos serviços”, afirmou Fabio.
Napoli revelou ainda a criação de um ICT (Instituto de Ciência e Tecnologia) privado, uma iniciativa inédita do banco para desenvolver IA generativa de forma proprietária e estratégica.
Blockchain, IA adversária e cultura tech no Santander
O CTO do Santander Brasil, Ricardo Contrucci, compartilhou a criação de um comitê interno focado em mapear tecnologias emergentes, com destaque para a aplicação prática do blockchain e de modelos de linguagem de larga escala (LLMs).
“Criamos uma área que estuda profundamente o impacto do blockchain e das IAs avançadas, como os modelos adversariais. Nossa estratégia de inovação afeta toda a estrutura do banco, e o caminho passa, antes de tudo, pelas pessoas”, ressaltou Contrucci.
Ele também destacou a importância da capacitação técnica: “Realizamos um programa com a AWS que simulou aplicações práticas de IA, promovendo certificações e engajando toda a liderança no entendimento e aplicação das tecnologias”.
POCs com IA espacial: a visão da Quasar Space
Thais Franco, CEO da Quasar Space, trouxe ao debate uma abordagem de alta tecnologia baseada em dados orbitais.
“Processamos imagens de satélite com inteligência artificial para entregar dados que apoiam decisões de crédito, risco e investimentos no setor financeiro. A inovação espacial já é uma realidade para o mercado”, afirmou Thais.
Ela defendeu o papel das POCs (provas de conceito) como etapa crucial para validação de tecnologias com grandes instituições.
“Criamos uma área focada exclusivamente em POCs, que são realizadas gratuitamente. Isso garante comprometimento mútuo entre startups e grandes bancos e acelera o ciclo de inovação”, completou.
Velocidade e experiência do usuário na Warren
Tito Gusmão, CEO da Warren, fez uma provocação ao comparar o cenário nacional com instituições tradicionais de fora do país.
“Nossa vantagem é não ter legado. Isso nos dá velocidade. Projetamos nossos sistemas para que o banker consiga atender até três vezes mais clientes que a média do mercado”, afirmou Tito.
Ele ainda revelou uma parceria com a B3 e a Loft para criar um novo modelo de registro de gravames de títulos públicos.
“Estamos rodando POCs com foco em infraestrutura financeira. Diariamente processamos cerca de 3 terabytes de dados do varejo para prever consumo e antecipar decisões estratégicas. O PM que não põe a mão no código vai ficar para trás”, destacou.
Aplicação prática e maturidade tecnológica no Bradesco
Renata Petrovic, head de Inovação do Bradesco, enfatizou que o sucesso da deep tech no setor depende da conexão direta com casos de uso reais.
“Não faz sentido investir em tecnologia sem uma dor de negócio bem definida. Nosso papel no Inovabra é justamente garantir que as pesquisas tenham aplicação concreta e amadureçam com parceiros como a USP e outras instituições”, disse Renata.
Ela também destacou o uso de computação quântica no banco: “Estamos utilizando tecnologia quântica para acelerar a análise de debêntures e criar dashboards preditivos, além de explorar aplicações em assistentes conversacionais com base em IA adversária”.
O painel deixou claro que a transformação digital no setor financeiro vai além do hype. Ela exige estrutura, cultura, visão estratégica e, sobretudo, integração entre tecnologia e modelo de negócios.
“A verdadeira disrupção acontece quando ciência e negócios caminham juntos. E o Brasil tem talento, escala e desafios suficientes para liderar essa nova fronteira”, concluiu João Borges ao encerrar o debate
“As deep techs vêm ganhando destaque no mercado por sua capacidade de oferecer soluções altamente personalizadas com base em ciência e tecnologia de ponta. No setor financeiro, por exemplo, tecnologias como inteligência artificial, blockchain e computação quântica permitem a hiperpersonalização de produtos e serviços, impulsionando a transformação de modelos tradicionais em negócios inovadores. Essa convergência entre ciência e mercado tem reposicionado o papel das instituições, promovendo novas formas de entregar valor ao cliente.” (Cris Vieira – Gestora Fampe do Sebrae Nacional)