03/12/2015 - 19:20
O departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira o indiciamento de Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, e de Ricardo Teixeira, ex-presidente da entidade, acusados de envolvimento no escândalo de corrupção que abala o futebol mundial.
No total, 16 dirigentes ou ex-dirigentes ligados à Fifa foram indiciados, informou a procuradora-geral, Loretta Lynch, em entrevista coletiva.
“Cada um desses 16 novos suspeitos foi indiciado por extorsão organizada e por outras infrações ligadas a abusos cometidos no exercício de suas funções, durante um longo período”, explicou Lynch.
“O nível de traição de confiança neste caso é revoltante, e o nível de corrupção é inconcebível”, enfatizou.
A procuradora-geral também anunciou que oito acusados “se declararam culpados” e aceitaram colaborar com a Justiça, na esperança de conseguir uma redução de pena, sendo que cinco deles fazem parte da primeira leva de indiciados, há seis meses, quando o escândalo estourou.
Também fazem parte dos indiciados o paraguaio Juan Ángel Napout, presidente da Conmebol, e o hondurenho Alfredo Hawit, presidente da Concacaf, detidos em Zurique na manhã desta quinta-feira, a pedido da Justiça americana.
Os dois cartolas foram presos no mesmo hotel de luxo onde aconteceu a primeira grande onda de detenções, em 27 de maio. Na ocasião, sete dirigentes acabaram atrás das grades, entre eles o brasileiro José Maria Marin, antecessor de Del Nero na presidência da CBF. Marin cumpre hoje prisão domiciliar em Nova York.
Desde a prisão de Marin, o atual presidente da CBF não viaja mais para fora do Brasil. Ele estava em Zurique quando o antecessor foi detido, para participar do congresso da última eleição presidencial da Fifa. Deixou a Suíça logo no dia seguinte, sem participar da votação.
Na semana passada, Del Nero renunciou ao cargo no comitê executivo e foi substituído por Fernando Sarney, vice-presidente da CBF e filho do ex-presidente da República José Sarney, que participa desde quarta-feira da reunião do órgão, também em Zurique.
Foi por conta desta reunião que Napout e Hawit estavam na cidade suíça, onde acabaram detidos.
Lynch também fez questão de mandar “um recado claro” aos dirigentes indiciados que “permanecem na sombra”, uma ameaça velada contra Del Nero e Teixeira. “Saibam que vocês não vão escapar da nossa mira”.
Tanto Teixeira quanto Del Nero também estão sendo investigados pela comissão de ética da Fifa, o primeiro desde outubro, e o segundo desde o dia 23 de novembro.
Ricardo Teixeira foi presidente da CBF durante 23 anos, de 1989 a 2012, e já foi investigado, junto com o sogro e predecessor João Havelange, no caso ISL, empresa de marketing ligada à Fifa que acabou falindo.
Entre os indiciados constam outros nomes de peso do futebol sul-americano, como Luis Chiriboga, presidente da Federação Equatoriana, ou Carlos Chávez, ex-tesoureiro da Conmebol e ex-presidente da Federação Boliviana.
Também nesta quinta-feira, o FBI revistou em Miami a sede da empresa Imagina US, que já foi citada no escândalo de corrupção da Fifa.
“Imagina US colabora plenamente com a investigação, e não haverá prisões hoje”, afirmou à imprensa local Ken Tolle, que se apresentou como consultor externo da empresa.