A rede de laboratórios Delboni Auriemo, da Dasa, pode ser obrigada a mudar de nome. Isso por causa de uma decisão da Justiça de São Paulo em um processo aberto pela viúva de um dos fundadores da empresa. Ainda cabe recurso.

O processo foi aberto pela artista plástica Amanda Delboni, que foi casada com o médico Humberto Delboni Filho. Em 1999, ele vendeu para o médico Caio Roberto Auriemo, seu sócio, sua participação na empresa. O contrato dessa operação estabelecia que o nome “Delboni” deixaria de ser utilizado 20 anos mais tarde (ou seja, o prazo para que a empresa continuasse com essa marca já teria se encerrado em 2019).

Em sua defesa, a Dasa alegou, segundo informações do processo, que o nome “Delboni” foi retirado da razão social em 2000 e que os consumidores não associaram mais a marca a Humberto Delboni.

“Basta mera pesquisa no Google para se comprovar que, no mercado, a marca DELBONI se deslocou da ligação com o patronímico do Dr. Humberto Delboni, e há muitos anos vem sendo prontamente associada aos serviços de diagnósticos e análises clínicas pelo público consumidor”, afirmou a empresa, segundo informações do processo. 

A juíza Marina Dubois Fava, no entanto, não aceitou o argumento. “O fato de o nome ter ganhado reconhecimento não exclui a sua proibição de ser utilizado pela ré, visto que DELBONI constitui o patronímico da parte autora, tampouco o nome DELBONI pode ser considerado comum ou de uso corriqueiro”, escreveu na sentença. A decisão é da 1ª Vara Empresarial e Conflitos de Arbitragem.

A IstoÉ Dinheiro procurou a Dasa para pedir o posicionamento da empresa, mas, até a última atualização desta reportagem, não havia recebido retorno. 

Repercussão no mercado

Por volta das 12h, a ação DASA3 recuava mais de 6% na B3, a bolsa de valores brasileira. No ano, o papel acumula perdas de 45% até agora.

Pedro Afonso Gomes, presidente do Conselho Regional de Economia da Segunda Região (Corecon São Paulo), comenta que “a consolidação de uma marca leva muitos anos”, mas acrescenta que, no caso da Dasa, “dependendo da situação e da determinação, talvez não haja um grande problema para a empresa”.”Porque a Dasa comprou, ao longo dos anos, várias outras marcas, outros nomes de laboratórios de influências regionais”, comenta Gomes.