Preso desde a última quarta-feira, 28, o senador Delcídio Amaral  (PT-MS) tem demonstrado contrariedade com o fato de estar sendo  ”abandonado” pelas principais lideranças do Congresso Nacional e do  Palácio do Planalto, com quem convivia até a semana passada.

O  petista, detido numa sala adaptada na sede da Superintendência da  Polícia Federal do Distrito Federal, tem recebido quase que diariamente  advogados que o defendem no Supremo Tribunal Federal (STF) e integrantes  do gabinete, com quem tem conversado nos momentos que dispõe para o  ”banho de sol”.

Os assessores têm mantido o petista  informado sobre os desdobramentos do caso no Supremo e na imprensa. As  conversas são acompanhadas à distância por um dos agentes da PF,  responsável pela vigilância do senador.

Segundo pessoas  próximas ao petista, que estiveram com ele nestes últimos dias, Delcídio  tem sem alimentado pouco e está visivelmente abatido. Ele também tem  sinalizado estar magoado com o tratamento recebido das principais  lideranças partidárias e do Palácio do Planalto, com quem tinha  ”trânsito” até ser preso. Em entrevista realizada nesta segunda-feira,  30, em Paris, a presidente Dilma Rousseff afirmou ter ficado “perplexa”  com a prisão do até então líder do governo no Senado.

Desde  a detenção do senador, apenas o presidente do Senado, Renan Calheiros  (PMDB-AL), também alvo da Operação Lava Jato, e o ex-presidente da  República José Sarney (PMDB-AP) teriam prestado “alguma” solidariedade.  Segundo relatos, ambos ligaram no dia em que o petista foi preso para a  esposa de Delcídio, Maika.

Apesar do afastamento dos  ”colegas”, o senador até aqui não tem falado sobre uma possível  realização de delação premiada. Tal possibilidade também não teria sido  colocada por nenhum representante do Ministério Público Federal ou do  Judiciário. Apesar dos ataques públicos do presidente do PT, Rui Falcão,  contra Delcídio, o isolamento dele, por outro lado, tem dividido  integrantes da bancada do PT no Senado, que realizaram um encontro ontem  para discutir, entre outros temas, o posicionamento que deverá ser  adotado pela bancada.

Parte dos petistas do Senado  defendem que Delcídio não seja jogado “ao mar” neste momento e lembram  que integrantes da bancada chegaram a visitar, no presídio da Papuda em  Brasília, lideranças do partido presas após o julgamento do mensalão.  Entre eles o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.