A marca de 100 milhões de toneladas de grãos colhidas no Brasil foi alcançada pela primeira vez em 2001. Passados 14 anos, o volume dobrou. Para 2023, a expectativa é que sejam produzidas 300 milhões de toneladas de grãos. Safras recordes ano após ano vêm exigindo investimentos cada vez maiores por parte dos produtores. Mas os recursos públicos do crédito rural já não acompanham a demanda do agronegócio. É para suprir a falta de recursos que entram em campo soluções oferecidas por fintechs, empresas do setor financeiro baseadas em tecnologia.

No Plano Safra 2022/23 (período de julho de ano passado até janeiro deste ano), o desembolso do crédito rural chegou a R$ 222,8 bilhões. Parece muito, mas é insuficiente, uma vez que os financiamentos de custeio (a maior parte) consumiram R$ 136,6 bilhões. As contratações das linhas de investimentos totalizaram quase R$ 60 bilhões. As operações de comercialização atingiram R$ 15,6 bilhões e, a industrialização, R$ 10,8 bilhões. O volume de recursos aplicados neste último item é só pouco acima do que foi captado até o fim de 2022 pelos Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagro), que encerraram o ano com patrimônio líquido de R$ 10,34 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima).

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Enquanto os bancos estão com taxas de financiamento elevadas devido à Selic em 13,75% ao ano e processos mais morosos de concessão de crédito por temer inadimplência, fintechs como a Agropermuta tentam desburocratizar o acesso ao crédito para compra de máquinas, veículos e até sistemas de irrigação. A startup passou a oferecer uma linha exclusiva aos produtores com taxas a partir de 1,35% ao mês para financiamento de equipamentos agrícolas. “Neste momento de estresse do mercado, onde os processos de financiamentos estão lentos, disponibilizamos soluções financeiras próprias com juros mais competitivos, com rapidez e sem burocracia”, disse o administrador e diretor executivo da Agropermuta, Alex Kalef. Para obter o crédito, o agricultor passa por uma análise totalmente digital. A aprovação do cadastro ocorre em até 48 horas.

Outra novidade é oferecida pelo marketplace do agronegócio Orbia em parceria com o Itaú BBA. O Orbia Pag é um produto financeiro voltado para clientes da plataforma e garante negociação de recebíveis a partir de março. Na prática, o distribuidor entrega ao produtor rural o insumo comprado e recebe o valor do produto à vista por meio do Orbia Pag, enquanto o produtor só paga no vencimento da operação diretamente ao banco em um prazo de até 12 meses. Com o Orbia Pag serão habilitadas soluções de meio de pagamento de maneira ágil e sem burocracia, ampliando a oferta de valores aos produtores rurais e aos distribuidores. “Com acesso a produtos financeiros dentro da Orbia, o produtor fará tudo de forma simples no meio digital, ganhando tempo na negociação e nas compras, resolvendo tudo na palma da mão”, disse a CFO da Orbia, Adriana Iwassaki. A solução busca trazer agilidade nas negociações de insumos, para o produtor rural que tiver limite pré-aprovado na plataforma, que pode chegar, na etapa de lançamento, a até R$ 500 mil.