O economista e ex-presidente do Banco Central (BC) Persio Arida disse nesta segunda-feira, 24, que a democracia foi o “verdadeiro motor” da consolidação e estabilização do real até os dias de hoje. Durante webinar da Fundação FHC que reuniu os economistas da equipe que formulou o Plano Real, Arida argumentou que as eleições penalizam governantes que não tratam com responsabilidade a inflação, problema que, ressaltou, mais afeta a população.

Ao relembrar dos primeiros anos do real, o economista disse que a eleição de Fernando Henrique Cardoso, promovida pelo sucesso do Plano Real, trouxe uma “enorme confiança” de que, se necessário, o então presidente agiria para salvar a moeda que lançou como ministro da Fazenda.

No mesmo webinar, Arminio Fraga, que também foi presidente do BC, colocou a dimensão social, além da democracia, ao explicar a estabilização monetária promovida pelo real. “A âncora é o social, e é o que me permite ter alguma esperança de que possam ser evitadas mudanças que possam vir aí no Banco Central. Senão, todos serão penalizados”, disse Arminio.

No encontro dos formuladores do Plano Real, Gustavo Franco destacou os resultados da moeda que completa três décadas. Ele lembrou que quando o real foi concebido, o Brasil vinha de 15 anos seguidos de inflação média de 16% ao mês. “É o tipo de experiência que estávamos combatendo naquele momento, com tudo que ela fez para estragar a vida econômica”, assinalou Franco, que também foi presidente do BC e hoje é sócio da Rio Bravo Investimentos.

No ultimo mês do modelo monetário anterior, a inflação estava em 9.785% ao ano, porém caiu para 33% já no primeiro ano do real, lembrou Gustavo Franco. Em 30 meses, já estava abaixo de 5% ao ano, indo para 1,6% em 1998. “Um número que confrontado com os de hoje soa muito bem. Quando tivemos 1,6% de inflação neste País? Talvez na República Velha, no Império”, afirmou Franco. “Os resultados são muito bons e estamos orgulhosos dos resultados.”