09/09/2022 - 10:58
Pétalas de rosa, multidões em prantos ou chorando… Grandes manifestações de fervor popular acompanharam as mortes de importantes figuras públicas ou políticas, como Gandhi, Evita Perón, John Kennedy ou Nelson Mandela.
– Gandhi –
No dia 30 de janeiro de 1948, depois do assassinato de Mahatma Gandhi por um nacionalista hindu que o considerava culpado pela divisão da Índia, o considerado pai da nação indiana teve um funeral marcado como um dos mais extraordinários do pós-guerra.
Saindo de sua casa em Nova Délhi no dia 12 de fevereiro, o corpo foi transportado com o rosto descoberto e sob uma chuva de pétalas de rosa, em um grande carro funerário até o lugar de sua cremação.
Nas margens do rio Yamuna, afluente do Ganges, dois milhões de pessoas de todas as castas esperavam por ele. O Governador Geral das Índias, Lord MountbattenNa esteve na primeira fila.
As cinzas de Gandhi foram espalhadas nos maiores rios do mundo.
– Evita Perón –
Na Argentina, as cerimônias fúnebres para a atriz Eva (Evita) Perón, segunda esposa do presidente Juan Domingo Perón, convertida um ícone nacional e morta aos 33 anos no dia 26 de julho de 1952 por conta de um câncer, reuniram milhões de pessoas em Buenos Aires durante vários dias.
“Uma maré humana desfilou chorando sem parar” perante o Congresso, contou uma enfermeira. “Não havia mais flores nas floriculturas. O centro de Buenos Aires estava coberto de cravos, rosas e crisântemos” detalhou a testemunha.
Apelidada de “a Virgem dos humildes”, Eva Perón contribuiu para instituição do voto feminino em 1949, além de lutar pelos direitos dos “descamisados”, conhecidos como “desdentados”, ou seja, os trabalhadores.
Seu corpo embalsamado foi sequestrado após a queda de Perón, em 1955. Os militares desejavam acabar com o mito. Ela foi enterrada secretamente em Milão, na Itália, e não retornou ao cemitério de Buenos Aires até 1976.
– Kennedy –
O funeral de John Fitzgerald Kennedy ocorreu no dia 25 de novembro de 1963, em Washington, três dias após seu assassinato em Dallas. A marcha na capital do país, a cerimônia e o enterro no cemitério militar de Arlington foram transmitidos durante anos pela televisão.
Em específico, as imagens de Jackie Kennedy vestida de preto segurando a mão de dois de seus filhos e John John, de três anos, dando alguns passos e levantando a mão em saudação militar.
– Martin Luther King –
Milhares de pessoas assistiram o funeral do pastor e ativista pelos direitos civis dos negros, Martin Luther King, no dia 9 de abril de 1968, em Atlanta, estado da Georgia. O mártir da luta racial foi assassinado cinco dias antes por um segregacionista branco.
No dia do funeral, revoltas de raiva e desespero eclodiram nos bairros marginalizados em mais de 100 cidades, com saldo de 46 vítimas.
– Nasser –
O concorrido funeral do presidente egípcio Gamal Abdel Nasser, no dia 1 de outubro de 1970, no Cairo, também foi marcado pelo fervor popular.
Cerca de cinco milhões de pessoas participaram da procissão que acompanhou o corpo de Nasser, colocado em um caixão coberto por uma bandeira egípcia e puxado por oito cavalos em um percurso de 16 quilômetros até o lugar do enterro, na mesquista Al Nasr, renomeada como Abdel Nasser.
“Somos todos Nasser”, cantou a multidão. O jornalista francês Jean Lacouture, que presenciou os funerais, descreveu uma cidade “em estado de transe”, já que as relações entre o povo egípcio e Nasser eram “imediatas, familiares e sentimentais”.
– Diana –
O funeral de Lady Diana, de 36 anos, ex-esposa do então príncipe Charles, morreu em um acidente de carro em Paris no dia 31 de agosto de 1997 e despertou uma imensa emoção.
Mais de três milhões de pessoas viram seu cortejo fúnebre passar pelo Palácio de Buckingham para a Abadia de Westminster, onde foi celebrado seu funeral na presença de astros como Luciano Pavarotti e Elton John.
Mais de um milhão de buquês foram colocados em frente a casa da princesa no Palácio de Kensington, enquanto três bilhões de pessoas acompanharam a cerimônia pela televisão.
– Mandela –
Disparos de canhão, escolta militar, coro de crianças e 95 velas acompanharam o enterro de Nelson Mandela, herói da luta contra o apartheid na África do Sul e desaparecido no dia 5 de dezembro de 2013 aos 95 anos.
Aproximadamente 4.500 convidados assistiram seu funeral em Qunu, a cidade que passou sua infância no sul do país.
Anteriormente, o primeiro presidente negro da África do Sul recebeu uma homenagem oficial em Joanesburgo e uma despedida fervorosa em Pretória, a capital política do país.
Seu partido, o Congresso Nacional Africano (ANC), reuniu-se em memória enquanto 100 mil sul-africanos desfilavam em lágrimas por três dias, na frente do seu caixão semiaberto.
Preso durante 27 anos antes de liderar seu país, Mandela foi enterrado na privacidade da família junto a seus pais e seus três filhos depois de uma semana de luto nacional.