08/11/2021 - 16:49
Frances Haugen, que abalou o mundo com denúncias sobre a forma como o Facebook administra conteúdo de ódio, elogiou nesta segunda-feira(8) o “enorme potencial” do projeto europeu de regulamentação dos gigantes tecnológicos.
A Lei de Serviços Digitais “tem um potencial enorme. Ela não tenta eliminar o problema com a regulamentação de conteúdo. Ela adota uma abordagem que inclui os riscos sistêmicos (…) e eu apoio fortemente essa visão”, disse Haugen à Comissão do Mercado Interno do Parlamento Europeu.
“Acho que os produtos do Facebook são prejudiciais às crianças, incentivam a divisão, enfraquecem nossa democracia e muito mais. A liderança da empresa conhece maneiras de tornar o Facebook e o Instagram mais seguros, mas não farão as mudanças necessárias porque colocam os lucros à frente das pessoas”, disse ela.
Na visão da engenheira “quando as ações do comércio entram em conflito com os interesses das pessoas e da sociedade como um todo, as democracias devem intervir e fazer novas leis”. Por isso, celebrou o fato de “a União Europeia levar isto muito a sério”.
Para Haugen, as regulamentações europeias estão em posição de se tornar o “padrão ouro global” em termos de regulamentação da operação de gigantes digitais.
Este regulamento “deve obrigar as plataformas a assumirem a responsabilidade por riscos que vão além da divulgação de conteúdos ilegais, como a manipulação de eleições, a divulgação explosiva de desinformação ou danos à saúde mental dos adolescentes”.
Haugen se reuniu com o Comissário Europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, que está liderando as negociações com o Parlamento Europeu para a Lei de Serviços Digitais.
A engenheira de 37 anos, que trabalhou em gigantes como Google, Pinterest e Yelp antes de chegar ao Facebook, já apresentou suas denúncias ao Congresso dos Estados Unidos e ao Parlamento britânico.
A Lei Europeia de Serviços Digitais visa proibir as plataformas de utilizarem algoritmos para promover informações falsas e discursos perigosos e impor aos principais grupos a obrigação de moderar o seu conteúdo.
Esta lei é complementada por outra, de Mercados Digitais, que determina regras específicas para atores “sistêmicos”, referentes a questões como a crescente ameaça à livre concorrência ou o uso de dados privados de usuários.