23/10/2020 - 15:22
A 11 dias das eleições presidenciais nos Estados Unidos e após o último debate, o presidente Donald Trump continua a corrida desenfreada para recuperar terreno frente a Joe Biden, com dois comícios agendados no importante estado da Flórida nesta sexta-feira (23).
Na quinta-feira, o embate entre os dois em Nashville, no Tennessee, foi muito mais fluido e construtivo do que o primeiro, marcado por interrupções e insultos.
Os dois candidatos trocaram opiniões sobre as políticas das quais divergem, mas o duelo provavelmente não mudará a dinâmica da corrida presidencial, em um ciclo eleitoral inusitado em que mais de 50 milhões de pessoas já anteciparam o voto por causa da pandemia.
Isso representa mais do que o total das votações antecipadas em 2016 e esse processo ainda não começou em estados densamente povoados como Nova York.
No entanto, Trump permanece determinado em sua expectativa de obter os 29 votos que a Flórida possui, um estado-chave para se chegar à Casa Branca.
É a terceira vez em três semanas que Trump – que perde espaço entre os idosos – vai até esse estado do sul, conhecido por ter a maior proporção de aposentados do país, com mais de 20%.
Além de um comício em Pensacola, Trump buscará se aproximar dos 100.000 aposentados moradores da comunidade The Villages, que é um dos redutos do presidente.
No entanto, esse retrocesso no número de apoiadores idosos foi motivo de fortes tensões entre apoiadores e opositores do presidente republicano.
Embora os idosos tendam a se inclinar para o Partido Republicano, eles também são a população mais vulnerável ao coronavírus – que já deixou mais de 223.000 mortos nos Estados Unidos – o país com o maior número de mortes no mundo.
E no fim de semana, Trump continuará sua maratona, com viagens para a Carolina do Norte, Ohio e Wisconsin no sábado e com New Hampshire na programação de domingo.
Trump votará antecipadamente no início do sábado na Flórida e seu vice-presidente, Mike Pence, já votou em Indianápolis.
Enquanto isso, Biden planeja falar de sua residência em Wilmington, Delaware, para expor seu plano de “vencer a covid-19” e recuperar a economia, fortemente atingida pela pandemia.
– Um debate sem caos –
Essas duas questões foram centrais para o debate da noite de quinta-feira, o último duelo antes das eleições, que fecha uma campanha diferente em que um dos encontros teve de ser suspenso após o presidente – que havia sido diagnosticado com a covid-19 – recusar-se a realizá-lo de forma virtual.
“Qualquer um que seja responsável por tantas mortes não deve continuar sendo presidente dos Estados Unidos”, afirmou Biden a Trump, alertando que o país vive um inverno “sombrio”.
Trump respondeu que está lutando fortemente contra o vírus, que a vacina “está a caminho” e será anunciada “em semanas”.
Além disso, o presidente acusou seu rival de querer “fechar o país”.
“Não podemos nos trancar em um porão como fez Joe”, disse Trump, em alusão à campanha de seu rival.
Biden assumiu riscos e anunciou no debate que iniciaria uma transição energética para se afastar progressivamente da indústria do petróleo, uma declaração que animou Trump, que pediu aos eleitores na Pensilvânia, Oklahoma e Ohio para não esquecerem dessa declaração.
As trocas foram muito mais fluidas do que no debate de 29 de setembro, no qual o candidato democrata de 77 anos se referiu ao presidente de 74 anos como “mentiroso”, “racista” e “palhaço”.
Trump respondeu asperamente: “Não há nada de inteligente em você”.
Desta vez, os organizadores cortaram o microfone do candidato que não estivesse com a palavra durante a apresentação inicial.
O presidente republicano seguiu o roteiro que havia anunciado e afirmou que Biden devia uma explicação ao público pelas denúncias de corrupção e irregularidades nos negócios de seu filho Hunter, quando era vice-presidente de Barack Obama (2009-2017).
Biden reagiu e acusou Trump de não ter divulgado nenhuma declaração de impostos e perguntou: “O que você está escondendo?”.