A depressão, doença psiquiátrica que afeta milhões de pessoas no mundo, tem sido objeto de estudos, entre eles, em um recente artigo publicado pela revista Science. Especialistas da China avaliam que é possível produzir medicamentos que agem redistribuindo a serotonina – conhecida como ‘hormônio da felicidade’. A ação de um novo antidepressivo com base nesse método pode trazer tratamentos mais rápidos, chegando a dar respostas em até 2 horas sem efeitos colaterais indesejáveis.

O estudo argumenta que as drogas antidepressivas atualmente disponíveis têm efeitos colaterais desagradáveis, propriedades viciantes ou podem induzir a esquizofrenia, outro transtorno mental. “Desenvolver antidepressivos de início rápido sem essas desvantagens é, portanto, um importante objetivo neurofarmacológico”, defendem os autores da pesquisa da Science

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A base da descoberta do chinês Nan Sun, realizada com experiências com camundongos e outros roedores, mostra que a dissociação do transportador de serotonina do óxido nítrico sintase – da família de enzimas catalisadoras – reduziu especificamente a concentração de serotonina intercelular em uma região do cérebro chamada núcleo dorsal da rafe. 

A interrupção dessa interação aumentou a atividade dos neurônios nessa área e promoveu dramaticamente a liberação de serotonina no córtex pré-frontal medial, produzindo assim um efeito antidepressivo de início rápido. Assim, um bloqueador de molécula pequena da interação do transportador de óxido nítrico sintase-serotonina teve um efeito antidepressivo de início rápido, chegando a agir no período de 2 horas.

Segundo informativo da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS),  estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram de depressão. Especialmente quando de longa duração e com intensidade moderada ou grave, a depressão pode se tornar uma crítica condição de saúde. Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano – sendo essa a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos.

No primeiro ano da pandemia de COVID-19, momento de restrições e quarentena em diversos países, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%, de acordo com um resumo científico divulgado nesta quarta-feira (2) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Vale lembrar que a depressão é uma doença grave e, portanto, deve ser diagnosticada e tratada com acompanhamento psiquiátrico, combinada com exercícios físicos e terapia psicológica. Em casos de medicamentos, estes devem ser aprovados pela ANVISA.

“Os antidepressivos podem ser eficazes no caso de depressão moderada/grave, mas não são a primeira linha de tratamento para os casos mais brandos. Esses medicamentos não devem ser usados para tratar depressão em crianças e não são, também, a primeira linha de tratamento para adolescentes. É preciso utilizá-los com cautela”, ressalta o informativo da OPAS.