A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) vai votar nesta semana um requerimento de convocação do secretário de Educação, Renato Feder, para explicar contratos da Multilaser, empresa da qual é acionista, firmados com o governo do Estado. Se aprovado o pedido, ele terá 30 dias para se apresentar aos deputados.

Conforme revelou o Estadão, a companhia venceu três licitações para fornecimento de material hospitalar no valor de R$ 243 mil desde o início da gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) – todas feitas por outras pastas do governo. O maior contrato foi firmado com o Instituto de Atenção Médica ao Servidor do Estado (Iamspe), vinculado à Secretaria de Gestão e Governo Digital, comandada por Caio Paes de Andrade.

Feder é sócio da offshore Dragon Gem, dona de 28% da Multilaser. Em dezembro de 2022, no apagar das luzes do governo de Rodrigo Garcia, a empresa ganhou um contrato de R$ 76 milhões para fornecer notebooks às escolas da rede pública estadual.

Autor do requerimento de convocação, o deputado estadual Rafael Zimbaldi (Cidadania-SP) também quer questionar a atuação de Feder na fiscalização do contrato no controle dos pagamentos direcionados à sua própria empresa.

O fim do prazo estabelecido no acordo para a entrega dos notebooks terminou em fevereiro, mas a Multilaser ainda não havia entregado todas as unidades previstas. A empresa não sofreu punição em razão do atraso. No entanto, o tratamento dispensado pelo governo federal pela mesma falha foi diferente.

No último dia 1º, a Multilaser foi proibida de participar de licitações promovidas pela União pelo período de 15 dias devido ao atraso na entrega de notebooks para a Universidade Federal do Paraná. Um dia antes da sanção, houve a homologação da vitória da empresa na concorrência para fornecer produtos ao Iamspe. A empresa alega que entregou os produtos e diz que vai recorrer da decisão.

Nesta segunda-feira, 14, o governador Tarcísio de Freitas determinou que não sejam feitos mais novos contratos com a Multilaser. A decisão se deu após a reportagem do Estadão. Apesar disso, Tarcísio afirmou considerar que contratos feitos com a firma se deram “dentro da regra do jogo”.