Ainda é cedo para avaliar o que o rei Charles III poderá fazer ao ser entronado. Aos 73 anos, vividos à sombra da mãe (e da ex-mulher, a eterna Lady Di), o sucessor assumirá um Reino Unido que enfrenta grandes desafios de ordem econômica. Para o economista e professor da FIA Business School, Carlos Honorato, a prioridade do novo soberano será “manter o reino unido”, por mais que a expressão pareça redundante.

“Com a morte da rainha Elizabeth II, haverá uma pressão da sociedade inglesa quanto à manutenção da monarquia”, disse Honorato. “Ela tinha a capacidade de ser a instituição representada. O príncipe Charles não tem esse mesmo carisma”. Para o especialista em geopolítica, ainda que a monarquia parlamentarista dê estabilidade para a Grã-Bretanha, o momento desafiador que o país vive na economia pode ser um risco adicional. “Eu não acredito que haverá um plebiscito sobre isso, pois já basta o trauma do Brexit, mas talvez ele não tenha o apoio necessário para um reinado sólido”.

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Uma das possibilidades é Charles abdicar do trono em nome do filho, o príncipe William, bem mais jovem e com a energia necessária para lidar com os problemas que ameaçam a Inglaterra no campo econômico, com inflação recorde e desemprego crescente, além da instabilidade politica causada pela renúncia do primeiro-ministro Boris Johnson, que foi pressionado a deixar o cargo, agora ocupado pela conservadora  Liz Truss. “Ela ainda não apresentou um programa para recuperar a economia. E o futuro do Reino Unido pode depender da relação que for estabelecida entre ela e o novo rei”.

Honorato entender que a saúda da União Europeia foi um erro que está sendo cada vez percebido pelos ingleses. “Eles estão sentindo os efeitos do Brexit. A vida do britânico está piorando, os produtos estão mais caros, assim como a mão de obra”. Para ele, em uma economia aberta, é mais fácil retomar o crescimento. Quando se rompem acordos comerciais, a recuperação se torna mais difícil. “A tendência é que a Inglaterra comece a retomar acordos de forma discreta, sem recuar do Brexit mas sem manter o isolamento comercial do resto da Europa”.