Em menos de um ano, estado foi palco de tragédias climáticas que deixaram mais de 110 vítimas – número superior ao total de mortos em desastres naturais entre 1991 e 2022.Em menos de um ano, as chuvas intensas no Rio Grande do Sul já fizeram mais de 110 vítimas – mais do que o total registrado em desastres naturais nas três décadas precedentes.

Na catástrofe climática mais recente, classificada pelo governador Eduardo Leite (PSDB) como o “maior desastre do estado” em termos de prejuízos materiais, chuvas persistentes desde o início da semana deixaram ao menos 37 mortos e 74 desaparecidos. Mais de 30 mil pessoas tiveram que deixar as suas casas, outras centenas de milhares estão sem água ou luz.

Palco de desastres climáticos recorrentes

O estado no extremo sul do país, que tem sofrido com eventos climáticos extremos recorrentes, é um dos que mais registrou desastres naturais nas últimas três décadas, ficando atrás apenas de Minas Gerais, segundo dados do Atlas Digital de Desastres no Brasil e do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.

Entre 1991 e 2023, foram cerca de 8,5 mil registros, o equivalente a 12,5% de todas as ocorrências no Brasil – sendo que, pelos dados do Atlas Digital de Desastres no Brasil, o saldo de mortos nesses desastres em pouco mais de 30 anos foi de 101 até 2022.

Já o governo gaúcho aponta que entre 2003 e 2021, 14 pessoas morreram em desastres naturais no estado.

O RS também viu as ondas de calor dobrarem nos últimos 40 anos, segundo estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Especialistas apontam que as mudanças climáticas têm potencializado os efeitos de fenômenos sazonais como o El Niño, que tende a provocar mais chuvas naquela região, e o La Niña, que de 2020 até o início de 2023 castigou os gaúchos com uma estiagem severa e prejuízos bilionários ao setor agropecuário. Em alguns municípios chegou a haver até mesmo racionamento de água.

No desastre climático mais recente, classificado pelo governador Eduardo Leite (PSDB) como o “maior desastre do estado”, chuvas persistentes desde o início da semana deixaram ao menos 37 mortos e 60 desaparecidos. Quase 15 mil pessoas tiveram que deixar as suas casas, outras centenas de milhares estão sem água ou luz. O nível do rio Taquari subiu ao maior patamar da história, quebrando a marca dos 30 metros.

Estado teve outras três grandes enchentes em junho, setembro e novembro de 2023

Em novembro do ano passado, chuvas mais brandas nas regiões do rio Taquari, Serra Gaúcha e região metropolitana de Porto Alegre provocaram a morte de 8 pessoas e forçaram outras 28 mil para fora de suas casas.

Em setembro, um grande volume de chuvas em um curto espaço de tempo provocou inundações principalmente no Vale do Taquari, fazendo 54 vítimas e desabrigando ou desalojarando mais de 15 mil pessoas, no que foi considerado o maior desastre natural da história do RS desde 1959.

Antes disso, em junho, a passagem de um ciclone extratropical provocou chuvas tão intensas que pessoas chegaram a morrer afogadas dentro de casa devido à subida repentina do nível dos rios. Houve 16 mortos, além de 7,5 mil desabrigados ou desalojados em mais de 40 cidades na região metropolitana de Porto Alegre, no litoral norte do estado e na Serra Gaúcha.

ra/jps (ots)