15/01/2018 - 12:58
Ele é “primo” do CDB – um dos queridinhos da renda fixa entre os brasileiros -, mas está longe de ter a mesma popularidade. Pouco conhecido, o Recibo de Depósito Bancário (RDB), porém, oferece ganhos atraentes e é alternativa para o pequeno investidor que não tem pressa de resgatar o dinheiro.
Ao aplicar em um RDB, da mesma forma que em um Certificado de Depósito Bancário (CDB), o investidor empresta dinheiro para uma instituição financeira por um determinado período em troca de uma remuneração. No entanto, a grande diferença desses papéis é em relação à liquidez: o RDB é intransferível e não pode ser revendido pelo investidor no mercado secundário. Já boa parte dos CDBs tem liquidez diária: o investidor pode resgatar o dinheiro a qualquer momento.
O engessamento do prazo, porém, é compensado por retornos maiores. Segundo levantamento do buscador de investimentos Yubb, em 2017, os RDBs tiveram uma rentabilidade média de 119,43% do CDI – taxa que anda de mãos dadas com a Selic, atualmente em 7% ao ano. Já os CDBs tiveram, no mesmo período, um retorno médio de 108,32% do CDI.
“Esse produto é pouco conhecido porque o brasileiro é viciado em liquidez diária – ainda que isso diminua a sua rentabilidade”, afirma William Eid, professor de finanças da FGV. “Porém, para o pequeno investidor que se planejou e não tem pressa de resgatar, é uma ótima opção – já que, nos grandes bancos, para um investimento inicial menor, abaixo de R$ 20 mil, por exemplo, ele só conseguiria CDBs com retorno abaixo de 100% do CDI”, diz.
Aplicações em RDBs têm desconto do Imposto de Renda pela tabela regressiva, da mesma forma que os CDBs. Ambos são cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito. “É importante que o investidor se garanta com o valor coberto pelo FGC, de até R$ 250 mil por instituição, já que os emissores são financeiras, que apresentam risco de crédito maior do que os grandes bancos”, alerta Eid.
Oferta
Apesar de se destacarem na rentabilidade, o mercado de RDBs é muito pequeno na comparação com outros títulos de renda fixa. O estoque atual de CDBs, por exemplo, é de R$ 606 bilhões, enquanto o de RDBs está na casa de R$ 918 milhões. A B3 pondera, porém, que o registro de RDBs não é obrigatório na instituição; logo, o número pode estar subestimado.
Para facilitar o acesso do pequeno investidor a esse produto, disponível via corretoras ou diretamente com as financeiras, a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) criou, no final de 2015, o site PoupaBrasil Investimentos, que reúne RDBs de nove financeiras.
Ao aplicar, o investidor não escolhe a financeira, mas sim o prazo. A rentabilidade varia conforme o prazo: parte de 107% do CDI para um prazo de seis meses e chega a 118% do CDI para quem deixar o dinheiro por quatro anos.
“Mesmo sendo pouco utilizado, é um investimento simples e rentável, para um investidor conservador, com taxas muito melhores do que os CDBs dos grandes bancos”, afirma Cláudio Ferro, diretor executivo do PoupaBrasil. “Além disso, apesar da queda dos juros, a renda fixa é um porto seguro em tempos de instabilidade política, como a que estamos prestes a enfrentar com as eleições”, diz. O site, que teve crescimento de 30% no ano passado, tem hoje 10 mil clientes e R$ 100 milhões em volume captado.
O investimento mínimo na plataforma é de R$ 1 mil e vai até R$ 150 mil por financeira. “Colocamos esse limite para garantir a proteção do FGC mesmo com os rendimentos”, observa Ferro. O investidor pode resgatar o título a qualquer momento, mas perde a rentabilidade combinada – recebe 100% do CDI, ou seja, o montante aplicado reajustado pela taxa de juros do mercado.
Ele destaca que uma das vantagens de aplicar pela plataforma é o aporte inicial mais baixo. Por exemplo, ao aplicar diretamente pela Dacasa Financeira, que integra o PoupaBrasil, o investimento mínimo é de R$ 20 mil, com rendimentos que vão de 117,5% do CDI para dois anos até 121% do CDI para cinco anos. Na Caruana, que também está na plataforma, o valor mínimo é de R$ 10 mil, e os ganhos vão de 117% do CDI para um ano até 121% do CDI para quatro anos.
A professora de finanças Betty Grobman, sócia da BSG DuoPrata, pondera que, apesar da vantagem competitiva em relação aos papéis dos bancos de varejo, é possível garimpar e encontrar CDBs de bancos menores com taxas similares às dos RDBs. “São ótimos produtos, mas nem sempre pagam muito a mais do que um CDB de banco pequeno a ponto de justificar o engessamento da liquidez”, observa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.