A FÓRMULA DO INDONÉSIO Adrian Zecha, 76 anos, para fazer alguns dos resorts mais exclusivos do mundo é simples: serviço de primeira, design minimalista e harmonia com a paisagem que os cercam. Junte-se a isso uma pitada de filosofia oriental básica, do tipo ?ouça os seus sentimentos e siga seus instintos?, o lema de Zecha, e o resultado é o Amanresorts. Trata-se de uma das redes mais badaladas do mundo, com 23 resorts espalhados por 19 países e que conta com cerca de 200 mil clientes fiéis. Todos dispostos a pagar uma das diárias mais caras do mundo, cerca de US$ 900. Para se ter uma base de comparação, a média de preços da rede Leading Hotels of the World, que reúne 450 dos hotéis e resorts mais luxuosos do mundo, é de US$ 563 por dia. A julgar pela expansão do grupo Amanresorts, a diferença de preços não é um empecilho. Nesse momento, seis novos hotéis estão em construção em países como Índia, Croácia, Montenegro, Laos, Estados Unidos e China. O Brasil não ficou de fora. ?Vamos construir uma unidade no Rio de Janeiro e posteriormente uma em Alagoas. Estamos apenas começando no País?, anunciou Zecha em entrevista à DINHEIRO. Se tudo der certo, o objetivo de Zecha é ter outros resorts no Pantanal e na Amazônia, totalizando quatro empreendimentos. Nada mal para um empresário que começou seu negócio, na década de 80, aos 55 anos de idade.

O primeiro Amanresort no Brasil será construído na Costa Verde, região litorânea localizada entre o Rio de Janeiro e São Paulo, e consumirá um investimento de US$ 70 milhões. Os parceiros no negócio são os irmãos indianos Desmond e Derek Pinto, donos da construtora P.E.I Limited, que acaba de chegar ao Brasil. Previsto para ser aberto em 2010, o terreno possui 77 hectares e serão construídas apenas 30 suítes para receber hóspedes e 20 villas, cada uma com 100 metros quadrados, que serão vendidas. O resort, batizado temporariamente de Costa Verde, terá spa, centro de fitness, biblioteca, restaurante, marina, além de dezenas de piscinas ? o símbolo dos resorts da Aman. ?As piscinas são sempre retangulares e atuam como espelhos das construções?, diz Marília Godinho, uma das arquitetas do projeto brasileiro. ?No Brasil faltam produtos de primeira classe como o que estamos trazendo?, afirma Desmond Pinto. A intenção dos irmãos é trazer o público que já freqüenta os Amanresorts no Exterior, bem como atrair os brasileiros. ?Às vezes a concepção do projeto é excepcional, mas, se os funcionários não forem bem treinados, a experiência fica prejudicada?, alerta Silvio Passarelli, coordenador do MBA de gestão de luxo da Faap.

A experiência internacional de Zecha, unida ao padrão de luxo internacionalizado da Amanresorts, torna a missão mais fácil. Com uma história de vida que passa por diversos países, Zecha começou seu império quando muitos estariam pensando na aposentadoria. Filho de fazendeiros ricos da Indonésia, ele se mudou com a família para Cingapura quando o governo indonésio nacionalizou as propriedades privadas em 1956. Aos 23 anos, Zecha partiu para os EUA, estudou jornalismo na Universidade de Columbia, em Nova York, e logo depois começou a trabalhar na revista Time. Mas a experiência na América não durou muito tempo. Na década de 60, de volta à Ásia, ele criou duas revistas em Hong Kong, na China, e nos anos 70 quis mudar de ares. ?Simplesmente tinha cansado de escrever?, diz Zecha. Paralelamente, seu amigo Bill Marriott, herdeiro da rede Marriott, pediu que procurasse terrenos para que novas unidades fossem abertas na Indonésia. A empreitada acabou não dando certo, mas despertou em Zecha uma paixão pela hotelaria. Pouco tempo depois, Zecha assumiu como diretor do grupo Regent International, em Hong Kong. O cargo lhe deu visibilidade e, em poucos anos, Zecha tornou- se um dos sócios da rede.

Em 1986, vendeu todas as ações que tinha para criar seu próprio negócio em Phuket, na Tailândia. ?Poucos acreditaram que fosse dar certo?, completa. Quando lançado, o resort causou uma revolução na hotelaria tradicional ao abolir a recepção para dar aos hóspedes uma sensação de estar em casa. Desde então a Amansresorts nunca mais parou de crescer. Em novembro de 2007, a rede teve parte de suas ações compradas pela construtora DFL, a maior da Índia, por um valor estimado em US$ 400 milhões. Para Zecha, porém, esta foi apenas uma estratégia para financiar seus projetos. ?Nada mudou. A companhia continua sendo controlada por mim. A transação serviu para levantar fundos para novos negócios?, explica Zecha.