29/11/2024 - 16:17
O desemprego no Brasil registrou seu nível mais baixo desde 2012 no trimestre de agosto a outubro, segundo dados oficiais publicados nesta sexta-feira (29), uma boa notícia para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que enfrenta a desconfiança do mercado.
Trata-se da sétima queda consecutiva do indicador calculado em trimestres móveis. No período de julho a setembro, o índice foi de 6,4%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
É “a menor taxa de desocupação” desde o trimestre de janeiro a março de 2012, disse o IBGE em nota, que naquele ano mudou sua metodologia de cálculo do desemprego.
Por sua vez, a economia brasileira registrou 6,8 milhões de desempregados entre agosto e outubro, o número mais baixo em uma década, desde o trimestre de outubro a dezembro de 2014, detalhou o IBGE.
Em um ano, a taxa de desemprego caiu 1,4 ponto percentual.
A população ocupada alcançou um novo recorde, ao ascender a 103,6 milhões de pessoas, em especial por um aumento de contratações nos setores industrial e de construção civil, segundo o IBGE.
Dessa cifra, 40,3 milhões trabalham no setor informal, 39,8% da população ocupada.
A renda média mensal durante o período de agosto a outubro foi de 3.255 reais, um aumento de 3,9% em 12 meses. Este crescimento, no entanto, foi inferior à inflação, de 4,76% anualizada em outubro.
A queda do desemprego é uma boa notícia para Lula, que tem sido fortemente questionado por interlocutores do mercado financeiro sobre sua capacidade para manter o equilíbrio das contas públicas.
Na quinta-feira, a divisa brasileira caiu com força, chegando à cotação de 6 reais por dólar pela primeira vez, um dia depois dos anúncios do governo sobre medidas para reduzir o gasto público.
O dólar fechou em R$ 6 nesta sexta, segundo o site do Banco Central do Brasil.
O ministro da Fazenda Fernando Haddad anunciou na quarta-feira um pacote de corte de gastos de R$ 70 bilhões até 2026.
Mas também disse que o teto de isenção do imposto de renda subiria para R$ 5 mil, incluindo assim uma parte considerável da classe média.
O anúncio de cortes de despesas era amplamente esperado pelos mercados há semanas.
Mas o fato de ter vindo acompanhado de uma medida que provocará uma queda da arrecadação foi mal-recebida pelo mercado financeiro, apesar de o governo afirmar que essa perda será compensada com um aumento dos impostos para os mais ricos.
Em uma tentativa de acalmar os mercados nesta sexta-feira, Haddad afirmou que não descarta novos anúncios nos próximos meses.
“Esse conjunto de medidas não é o ‘grand finale'”, afirmou diante de banqueiros em São Paulo. “Daqui a três meses (…) pode ser que eu tenha que mandar leis para o Congresso”.