Por Michaela Cabrera

PARIS (Reuters) – A desenhista de tribunal francesa Elisabeth de Pourquery encarou atentamente um militante confesso do Estado Islâmico e fixou uma imagem que capturaria para a posteridade.

Separada por uma tela de vidro, ela se sentava a poucos metros de Salah Abdeslam, suspeito de ser o único membro sobrevivente de um grupos de homens-bomba e atiradores que mataram 130 pessoas em uma série de ataques coordenados em Paris em novembro de 2015.

“O importante é sua aura e seus olhos, aqueles olhos profundos e redondos”, disse De Pourquery à Reuters em seu estúdio.

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“Você tem esse olhar que é muito profundo, e muito intenso, que mostra claramente muito medo. E é isto que você tem que recriar com o pincel”.

Quando Abdeslam retirou a máscara negra durante o primeiro dia do julgamento e declarou em tom desafiador ser um soldado do Estado Islâmico, De Pourquery desenhou traços rápidos com seu pincel de aquarela.

Perto o suficiente para ver em detalhes expressão gravada no rosto de Abdeslam, a desenhista descreveu o comportamento calculado do homem de 31 anos, que não demonstrou nenhum remorso pela violência daquela noite de seis anos atrás.

“Dava para ouvir o tom de sua voz. Era ponderado, refletido”, continuou De Pourquery. “E se aproximava do gelado”.

As sessões chegam a durar mais de 10 horas por dia, durante as quais ela pinta até sete quadros para boletins de notícia de televisão.

“É bom variar e pintar outra coisa, uma aquarela bonita, o mar, a praia, algo que não tem nada a ver com o julgamento”, disse ela.

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